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15 setembro 2010

O gosto do azedo

O cheiro naquele ambiente ainda reserva momentos de agitação e inflexibilidade nos olhos de seus filhos, perdidos em meio a escuridão da terra desconhecida. Suas mãos gélidas e pálidas não se movimentam mais, devido a triste perda dos movimentos. E a solidão lhe apetece, e lhe garante a sombria dúvida de como será o amanhã. O azedo, só lhe sobre desfrutar o maldito gosto do azedo que lhe consumiu a vida e lhe fez amarga. Seus movimentos sempre tão calculados, agora se tornam impossíveis de serem manifestados. E sua boca que só trazia palavras que expressavam o rancor e a melancolia da vida mal cabida a ela, agora só expressava suas lamúrias para que as pessoas sentissem pena dela. A pena, querida amiga, é o sentimento mais triste que pode existir. É o sentimento mais detestável para alguém que tenha um pouco se quer de orgulho. Apenas a pena!
Dias sombrios habitavam a vida daquela mulher solitária, com aquele olhar rancoroso e medonho, com o qual ninguém mais se interessava olhar. Suas palavras duras e seus gestos sempre de imposição agora só lhe garantiam o afastamento das pessoas que um dia lhe observaram com outros olhos. Você não tem mais saída, minha amiga, sua vida agora é assim. Sem movimentos, sem amigos, sem amores, sem ninguém!
Ainda não entendo porque as pessoas têm tanto pavor da solidão. É algo que deve ser preservado se possível, mas entendo o desespero deles, ainda mais porque a solidão é boa quando imposta por nós mesmos, mas quando ela nos sobra como última opção, sim, se torna a maior dor do mundo.
Agora doce mulher, não adianta mais espernear e gritar ao mundo que lhe acolha. Na hora que você devia ter olhado para o lado, você apenas olhou para você, por isso, a única coisa que lhe cabe são as palavras reais de alguém que ainda olha por você.

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