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31 janeiro 2011

Cianureto para todos -- uma dose de Maldade

À princípio queria fazer um ensaio sobre a maldade, mas como não me arrisco ainda nessa área 'so dangerous', preferi apenas fazer um post. Deixo os ensaios por Saramago. A questão é, andei pensando sobre mim mesmo. E sabe o que, feliz ou infelizmente, descobri?! Que sou uma pessoa má... Com muito ódio, rancor, ira e raiva nesse pequeno coraçãozinho. Mas porquê? Me questiono, mas não acho uma solução. Será que fui mimado demais ou nasci assim, uma peste? 


Bom, refletindo sobre isso resolvi analisar melhor esse 'sentimento', se assim eu posso chamar. Na realidade é mais um apanhado de sentimentos, né?! Pois bem, quando a gente pensa que isso não é legal, e tal, a gente só 'raciocina' da boca pra fora, porque internamente continuamos malvados, venenosos. Às vezes é de nossa natureza, ou não! Pois bem, falar sobre a maldade é algo meio relativo. Eu podia gastar horas falando sobre psicopatia, que é algo que me interessa tanto e já li sobre no livro "Mentes Perigosas". Mas acho melhor não me aprofundar, pois analisando bem, os psicopatas são malvados natos, e não há muita coisa que os mude. Então, pensei em falar sobre a maldade infantil, que paira no universo de qualquer criança, será que elas não têm a intenção, ou como já ouvi de minha psicóloga, elas são malvadas mesmo. 


Tal palavra deriva de mal. E mal tem várias definições como em Wikipédia: "Tudo aquilo que não é desejável ou que deve ser destruído." Mas nem tudo se resume a essa definição, quer dizer que vamos sair por aí matando pessoas ruins?! Acho que isso não é plausível, caros leitores. Talvez o ser humano seja mesmo uma caixa de Pandora ambulante, carregando dentro de si o bem e o mal. E se Kant estiver certo estamos propensos à maldade. No fundo todos são vingativos, falam mal dos outros, invejosos, perversos, não poupam o outro quando ocorre algo que os afete. Seria apenas um código de defesa ou a tal "propensão a maldade" segundo Kant? 


Em meio a tantas discussões, algumas filosóficas, outras apenas pessoais. Eu não sei bem ainda o que falar sobre a maldade. Por isso me proponho parar por aqui. 


Acho que já dá pra refletir sobre esse substativo tão subjetivo. 
24 janeiro 2011

Pelo caminho...

eu nasci
eu comi
eu brinquei
eu cresci

eu estudei
eu assisti
eu dancei
eu chorei
eu viajei

eu ri
eu beijei
eu abracei
eu bebi
eu amei
eu fumei
eu trepei

eu me formei
eu trabalhei

eu casei
eu fui pai
eu briguei
eu defendi
eu contei
eu me divorciei
eu perdi
eu ganhei
eu vivi
eu morri

20 e poucos anos

Ontem não me sentia bem. Não, não era um mal físico, mas psicológico. Sei lá, me sentia velho, de repente. E assim de repente, via que não tinha muito do que me orgulhar dos 20 e poucos anos que tinha deixado pra trás. Pelo contrário, vi que tinha deixado muita coisa pelo caminho. Sejam elas concretas ou abstratas. E assim, de repente, mesmo, me deu uma vontade louca de sair pelo mundo fazendo tudo que eu ainda não tinha feito e tentando acelerar minha vida ao máximo. Mas percebi que eu não podia fazer isso. Tenho que viver cada momento na sua hora. Meu Deus, como isso é chato, como me irrita quando não consigo fazer as coisas do jeito que eu quero. Esse é o lado ruim de ser mimado. [ponto]

Por um instante, parei, olhei pra trás e vi minha vida. E vi um vazio. Não tinha mais a família de antes e nem os amigos de antes. Não tinha mais os momentos de antes. E então pensei: Minha vida foi boa algum dia?! Não soube responder. Afinal, o que é a vida? Gonzaguinha já tentou respondê-la, mas sua resposta não me apeteceu, e muito menos acalmou meus ânimos. Para quem já está nos 50 ou 60, os 20 são os sonhos que um dia tiveram. Para quem tem apenas 10 ou 12, os 20 será a própria "freedon age". E pra mim que estou nessa idade? 

Cansei de beber como um louco. Cansei de viver sem esperar o amanhã. Cansei das responsabilidades mais irresponsáveis que já tive. Cansei de sonhar, agora chegou a hora dos sonhos virarem realidade, não acha? Pois bem, acho!
Mas o que será do amanhã, caro amigo? O que será de mim, depois que me for tirado o título de "universitário"? São tantas perguntas, sem nenhuma resposta, e isso me incomoda!

Quando ouvi nos últimos instantes de 2010 os seguintes versos: "Quero saber bem mais que os meus 20 e poucos anos", nunca pensei que essas palavras caberiam tão bem a minha pessoa. Quero saber mais, quero viver mais, quero ser mais... Quero estrear os 30 com algo a mais do que a bagagem que tenho nas mãos aos 22. Quero me desacorrentar dos laços invisíveis que me unem a uma dependência que já chega a incomodar. 

Incômodos e número, acho que abusei deles nesse post. Porque a idade sempre causa um transtorno a mais, sempre causa algo a mais? Quem disse que temos que fazer tudo em determinado tempo?! Ninguém, somos vítimas de nós mesmos. Nós nos impusemos essa mania de achar que 'devo estar trabalhando aos 25, casado aos 30, com filhos aos 35...' 
E é nesse momento que esses números causam tanto incômodo... E dessa forma sinto que meus 20 e poucos anos vão ficando pra trás sem ao menos eu senti-los... 
22 janeiro 2011

Cotidiano

Caro leitor. Ontem resolvi me saciar de momentos ímpares revendo uma minissérie que tanto amei. Aliás, amei tanto que a comprei. Escrita pelas mãos do mestre Manoel Carlos, eu me deparei com um cotidiano que leva nossa intimidade até pontos jamais investigados. Pois bem, nesse momento decidi a temática da minha monografia. Uma análise sobre o cotidiano no discurso ficcional através das obras de Manoel Carlos. Nome complicado?! Mas toda monografia é cheia de rodeios, nunca uma coisa simples como: O dia-a-dia nas novelas de Manoel Carlos. Enfim, não estou aqui hoje pra falar sobre minha monografia ou coisas do gênero acadêmico. Mas sim pra refletir sobre o cotidiano. O que vem a ser esse cotidiano que ao mesmo tempo que te machuca, te consola? Essa rotina faz mal, acaba com relacionamentos e, porque não dizer, acaba com nós mesmos. Por muitas percebi que a rotação da roda da vida não é longa. Em um curto espaço de tempo voltamos ao mesmo lugar e estamos fazendo as mesmas coisas de minutos atrás. Mas também temos receio da mudança. Não queremos fugir daquela rotina maçante. Então o que queremos?! Queremos viver a vida desse jeito mesmo. Essa ambiguidade de sentimento faz parte do nosso cotidiano. Cotidiano esse baseado em amores, em abraços de amigos, em um afago sincero, ou não, de algum familiar. Esse cotidiano se resume em tragédias e em momentos inesquecíveis. Cotidiano que encontra embasamento nas coisas mais simples e sinceras. 
Por fim, acho que o cotidiano com aquelas conversas bobas ou frias nos leva pra um caminho sem volta, um caminho imperfeito. E essa imperfeição nos permeia por vários tempos, e nunca será do jeito que queremos, porque nós temos uma vida involuntária. Nós não podemos escolher a hora de sofrer, a hora de dizer 'te amo' ou 'te odeio'. Estamos sucintos a qualquer tipo de movimento da vida. Sim, meu caro leitor, isso é o cotidiano. Nada mais do que a própria vida.
19 janeiro 2011

Luxúria

Talvez na tentativa de se criar um ensaio sobre os sete pecados capitais, eu resolvi me abster dessa atitude e decidi falar sobre a luxúria. Quem sabe futuramente eu trabalhe mais essa idéia, ou faça até minha monografia em AD sobre os pecados -- esse idéia me veio nesse instante e confesso que me apeteceu mais do que minha idéia original de monografia -- Enfim, vou falar sobre esse pecado que muitas vezes é o mais escondido e em outras é o mais discarado. 
Quem nunca sentiu um desejo sexual incontrolável por alguém ou em alguma situação. Todos, claro. Controlar a libído se torna 'dangerous' quando aquilo que mais queremos é a sujeira do sexo. Porque o adjetivo sujeira, porque a lúxuria acomete o sexo no sentido da 'safadeza', pra ser bem vulgar. Não estamos falando de fazer amor, mas apenas de sexo. Se essa separação só é cabível aos homens, e o blogueiro que vos fala é homem, posso falar com prática sobre esse crime, segundo as mulheres. Pois bem. Segundo o querido Sílvio de Abreu em sua obra "Passione" ver site pornográfico é uma coisa suja e vulgar, até porque Gerson foi o personagem mais recriminado da novela por isso. Porém a reação do público não fez nenhum alarde, ou seja, seria esse ato algo comum?! Acredito que sim, querido leitor... Isso mesmo, quem nunca viu um site pornográfico ou zapeou por algum filme para adultos na vida... E se você que lê é do sexo masculino, eu tenho certeza que já o fez. Tá aí uma coisa interessante, o homem tem mais tendência pra luxúria do que as mulheres, ou elas apenas escondem mais suas taras?! Poderíamos ridicularizar o ato do sexo citando correntes e roupas de couro, ou podíamos glorificar aquele através do amor. Mas prefiro me abster (mais uma vez, caro leitor), e porque não falar do sexo em geral. Não querendo fazer uma alusão a música do Chico com a Elza, "Façamos" onde realmente temos a certeza que todos os seres desse - e porque não de outro - planeta fazem sexo. Enfim, de uma maneira geral o sexo povoa a mente do ser humano há tempos, seja nas tórridas cidades de Sodoma e Gomorra ou nos manuais do Kama Sutra, e de certa forma essa 'ação' apetece a sociedade. Quando a nem tão amada Marta Suplicy soltou seu 'bordão', penso que ela estava certa. Afinal, o orgasmo seria a solução para os problemas da população?! Não, caro leitor, seria apenas um desvio deles. Como eu disse, e pra ser breve preferi não entrar em detalhes sobre, como as posições que dão mais prazer, ou lugares exóticos, enfim, preferi me segurar, até porque esse blog ainda é de família... Neah?! 

Mas acho que fiz um breve relato - não verídico #fato - sobre a luxúria. Mas apenas o fiz por interesse próprio sobre esse pecado, não para que um dia ele seja publicado como as obras de 'grandes jornalistas' que fizeram ensaios sobre os sete pecados. Nesse momento, um beijo aos meus amigos jornalistas... hehe

Caro leitor, se algo te incomoda, se seus problemas apenas aumentam, siga a dica da "divina" Marta: "Relaxa e goza", afinal ela é sexóloga, neah?! ... ... ... 
17 janeiro 2011

o sexo feminino

Que eu vivo cercado por mulheres de todos os lados, é fato. E que essa opção é minha, também é um fato. Eu adoro o universo feminino, adoro a maneira como as mulheres são complexas, como são personagens redondos, no sentido de terem mais conteúdo do que os homens. Elas conseguem demonstrar mais seus sentimentos, talvez porque sintam mais do que eles. Enfim, todos sabem que mulheres amam mais do que os homens, que elas dão mais em seus relacionamentos do que eles. É muito mais comum elas abandonarem a vida social em favor deles, do que eles o fazerem em favor delas. Ainda nos deparamos com a sutileza que elas fazem tudo. E essa atitude vai das mais brutas até as mais delicadas. Porque é de seu universo ser sutil. E é de seu universo entender o mundo. Não significa que elas aceitem tudo que acontece ao seu redor, mas elas, mais do que os homens, conseguem entender, aceitar. E vivendo dessa maneira, elas são amigas de verdade, esposas de verdade, filhas e mães de verdade. E por duros meses trazem uma vida dentro delas. Talvez seja isso a prova que Deus deu de quão seguras e aptas pra gerar a vida elas sejam. E como conseguem ir da bondade divina para a maldade infernal. São duras quando precisa, mesmo que as gotas do chuveiro amparem suas lágrimas depois.
As mulheres mudaram na literatura, na música, nas novelas e, porque não dizer, na vida real. Hoje não nos deparamos mais com as moças virgens dos romances, as sensatas das canções ou sem conteúdo das novelas. Elas sairam da casa pro mundo. Romperam barreiras, são executivas, caminhoneiras, donas de verdadeiros impérios, e o comandam sozinhas. E mesmo assim são mães e esposas. Já é comprovado que apenas elas conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo, prova disso. O mundo feminino sempre me apeteceu, talvez porque tenha me acolhido tão bem, com amigas tão presentes, avós, tias e mãe adoráveis, além daquelas que não são amigas, nem familiares, mas que engrandecem nosso dia com sua graça, seja apenas por usar um vestido grená ou por prender o cabelo de um jeito que só ela o faz.


Rita Lee conseguiu transperecer esse amor extremo das mulheres nesses versos:


"Se por acaso morrer do coração,
é sinal que amei demais."
14 janeiro 2011

No more 'I love you'

Quando eu tinha seis anos, essa música de Annie Lenox foi sucesso numa novela, que realmente marcou minha vida, "A Próxima Vítima". Mas só aos 20 e poucos anos consigo perceber a profundidade de suas palavras, afinal na época eu sequer sabia o que significavam essas palavras. Dizer 'eu te amo' se tornou uma coisa meio banalizada na sociedade moderna, assim como o casamento ou a constituição de família. Certa vez me disseram que a modernidade afasta as pessoas, pois bem, concluí que isso é a mais pura verdade. Agora falando de mim, uma breve análise particular. Acho que não economizei de dizer essa expressão que parece tão bonito em filmes de romance, mas na realidade não passam de palavras soltas no ar. Whatever, eu falei demais, tanto essa expressão quanto outras que relataram meu real sentimento. E confesso que não fui feliz nessas colocações. Posso considerar culpada a pessoa a quem me dirigi, mas acho que não, eu que devia ter medido as palavras. Bem, não quero mais levar em consideração tal pseudo-relacionamento que tive no verão passado. Meu propósito nessa postagem é talvez uma promessa. Sim, uma promessa que se constitui em não mais dizer 'eu te amo' a qualquer momento ou em qualquer situação. Patrick, amor não é paixão, saiba diferenciar e quem sabe assim você conhecerá os dois lados dessa moeda. Essa minha escolha não me impede de conhecer alguém em que no segundo dia eu já diga tais palavrinhas, mas se eu a fizer, vai ser porque tenho, pelo menos, um pouco de certeza de que essa relação vai valer a pena, mesmo que falhe dias depois. 

Desabafo

Saber o que dizer ou que hora dizer. Pois bem, vivemos num sociedade onde tudo tem de ser calculado sempre. Cada passo, cada fala. Estou simplesmente cansado. Cansado de ter de pensar antes se vou falar da maneira correta ou apenas da maneira que afete um menor número de pessoas. Cansei de ter de fazer as coisa pra parecer mais legal, ou menos chato. Às vezes, nossas decisões nos levam pro céu, em outras vezes, pro inferno. Pois bem, somos obrigados a nos comportar de maneira correta. Não faça escândalos, fale obrigado, seja educado, não ponha os cotovelos na mesa. Sempre o verbo no imperativo nos impede de fazer o que realmente queremos. Afinal, qual é a nossa vontade real? Até que ponto fazer o que temos vontade e até que ponto fazemos coisas pra agradar as pessoas a nossa volta?

Bom, acho que o essencial seria equilibrarmos as situações. Fazer o que queremos, mas outras vezes fazermos algo pra satisfazer os amigos e familiares. Só acho que isso cansa muito. E mesmo que eles não nos peçam com todas as letras, fazem caras e bocas para que cumpramos o objetivo desejado, por eles, claro. Se rebelar?! Acho difícil, até porque não somos seres independentes, não conseguimos viver sozinhos, precisamos de alguém do nosso lado. E talvez seja isso que nos mova no sentido de não fazermos sempre o que queremos. Talvez essa dependência nos torne pessoas pensantes. É, pode ser isso!!! A questão é: fazer o que temos vontade sem poupar os outros ou tentar ser altruísta e medir nossas vontades?! 

Intimidade

A intimidade revela sentimentos que muitas vezes permanecem aprisionados em nós perante um grande número de pessoas. Não tenho irmãos, e não compartilho de um sentimento tão ímpar quanto a relação de dois irmãos. Mas me disponho a contar-lhes a vida de Pedro e Fabrício. Uma vida monótona sempre tiveram, com tudo o que mais desejavam. Fabrício, o mais velho se casou com uma bela moça, de cabelos negros e olhos compridos, olhos esses que nunca abandonavam as maquilagens mais pesadas que uma pele pode ter o prazer de sentir. Mas nunca foram felizes. Pedro, solteiro convicto, liberal e, porque não dizer, 'avançado' pra sua época sempre partilhou de grandes amores, sem dar muita importância para a cor ou o sexo do indivíduo com o qual se relacionava. Mas sempre manteve um distanciamento de sua casa, de sua família. 
Fabrício não era mais o motivo de satisfação para a mulher da maquilagem pesada. Agora ela procurava aventuras menos rotineiras nas alamedas da grande metrópole. Ele estava morrendo, por dentro e por fora, sabia disso. Mas não conseguia se desprender daquela mulher. Campainha. Seu pai. Malas feitas, lágrimas de desespero. Fabrício deixava o apartamento após uma tentativa de suicídio. Para a moça do rosto pintado, não fazia a mínima diferença onde estava seu marido. 
Pedro e Fabrício. O encontro dos irmãos que não se viam há anos foi seco, cru. Nenhum sinal de sentimento. Mas o convívio faz as relações se tornarem mais íntimas. E os ombros de Pedro foram o amparo de Fabrício nas madrugadas frias da capital. E suas mãos eram seu acompanhamento. Um toque a mais, um beijo a mais, um carinho além do normal. Os irmãos, quase amantes por assim dizer, tinham na intimidade uma liberdade e uma amizade com a qual nunca haviam se deparado. Entre abraços e beijos, a perda da mulher se fez presença no afeto do irmão, o qual por longo período não passava de um desconhecido. Dentro do quarto eram apenas os dois. Nem seu pai intrometia na intimidade dos dois irmãos. E assim como os pais, amigos e afins, eu nunca soube muita coisa além dessa intimidade tão bem controlada e amparada no seio de uma cidade com janelas tão indiscretas e olhos que tudo veêm. Na manhã de domingo, o pai pede ajudas dos meninos para mudar uma estante. Sem resposta o pai destrói a porta. Dois corpos desfalecidos aprisionados em sua própria intimidade. 
10 janeiro 2011

Tragédia

O que esperar daquela noite? Nada. O que esperar daquela vida vazia? Nada.
Sem ninguém pra ligar, ou trocar pequenas doses de palavras, ela resolveu sair. Sozinha. À meia luz. Colocou seu melhor vestido em tom vermelho sangue. Calçou seus sapatos de verniz. Pegou seu maço de cigarro barato e, um tanto quanto perturbada, saiu às ruas. Desnorteada!
O primeiro bar, na boca do lixo, no centro fétido da intransitável São Paulo. Um whisky, dois, três...
E o que mais esperar daquela noite? Nada! Até que algo muda aquela rotina do 'nada' em sua vida. Um homem. Não era bonito, nem feio. Sobrancelhas negras e grossas. Lábios finos e cabelo grosso. Olha penetrante. Não era tão magro, tinha tudo nas medidas possíveis. Com poucas palavras, virou a vida daquela mulher de cabeça pra baixo. E depois de um casual beijo, foram para o quarto do rapaz, ainda desconhecido. Sua janela dava para um letreiro de neon. E da sua janela as luzes de toda a cidade.
Sexo. E entre um toque e outro, sua mão foi de maneira incisiva no pescoço da solitária mulher do vestido vermelho. Depois de matá-la, friamente ele a cortou em pedaços e a distribuiu em sacos plásticos para descatá-los na manhã seguinte. Mas naquele momento ele estava extasiado, precisava sair, fumar. E foi, sem rumo, sem nada na mente ou no corpo. E do alto do Viaduto do Chá, se sentiu cansado de tudo e de todos. Cansou de matar tantas pessoas sem nada em troca. Sua psicopatia tinha acabado, ou era apenas mais um movimento levemente calculado do homem mais metódico que havia transitado a noite paulistana?
Pulou... Em todo o Vale do Anhangabaú, seu grito foi ecoado.   

Juventude Transviada

Slow down, right now -- sábias são essas palavras para que a juventude brasileira possa se fazer válida. Pois bem, resolvi mostrar os reflexos desse grupo que cresce a cada dia, mas talvez não amadureça tanto quanto desejávamos. Sou jovem, faço dessas palavras não só minhas, mas de todos eles. Para todos eles. 
Talvez seja cansativo o tanto que se espera da juventude em um país. Sim, de universitários, que sejam o futuro de toda uma nação, que possa mudar a vida, não de alguma pessoa, mas de toda uma população. Mas tanta bagagem talvez acarretem apenas uma vida frenética, e um tanto quanto efervescida. Sim, eles não são os "corretinhos" que todos esperam, pelo contrário. A "classe" universitária se encontra deficitária. Eles bebem descontroladamente, se drogam exageradamente. Pois bem, passou aquela fase de escolhas, de "experimentação" de tudo e todos. Isso ficou com a adolescência. Agora aos 20 e poucos anos, todos querem ter certeza do que realmente desejam. Se querem ser futuros milionários, porém profissionais frustrados, ou se querem morar em alguma aldeia indígena e ser mais útil para a sociedade. Cada qual a seu modo, eles erram. Sim, nem os donos das melhores notas são incapazes de cometer o pecado de ser um universitário. Intrínseco a esse título, está toda uma estrutura que consome mais do que devia da fortuna do governo para um grupo de indivíduos que se preocupa pouco com o que ouviu dentro de uma sala de aula. Mas que mesmo ouvindo pouco, consegue persuadir, pois ainda estamos em um país que o nível de escolaridade pareia com o socioeconômico. Mas o que fazer com essa juventude que não busca nada além de sua liberdade, seja ela física, seja apenas abstrata? 
Podemos dizer ainda que essa mesma juventude que não tem medo de nada, e talvez de ninguém, já conseguiu a seu modo mudar toda uma sociedade, sejam os cara-pintadas ou os militantes da Ditadura no agitado 68. E a juventude contemporânea? O que esperar dela? Acho que ainda é cedo para opinarmos, mas talvez quando menos esperarmos, esses jovens vão se levantar de suas tumbas regadas a tequila e luz neon e vão mudar algo e entrar pra história. Porque não esperar?!