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25 janeiro 2013

Eu não era feliz aos 17



Aos 17 eu tinha poucas crenças e muitos sonhos, hoje posso dizer que tenho meus pés mais no chão, sei que não devo pisar em qualquer pedra, pois eles não irão suportar. Aos 17 anos eu me via num futuro certo, trabalhando em algum arranha-céu de São Paulo, já com minha faculdade de direito concluída e levando uma vida monótona. Não, hoje aos 24, eu ainda não terminei meu curso e faço Linguística, um curso que ninguém sabe o que é e não viso morar em Sampa... Bom, nada contra lá, mas acho que minha vida tá em outro lugar, um local escondido e esperando por mim, e eu tenho certeza que em breve irei encontrá-lo ou ao menos encontrar uma maneira de torná-lo meu. Aos 17, eu tinha grandes amigos e outros que eu achava que eram tão grandes quanto... Hoje, prezo pelos poucos e bons, sinceros, grandes na sua verdade. E se antes eu apenas sonhava em morar longe, hoje digo que o sonho está realizado, não plenamente, mas no nível que eu queria ter realizado. Não digo que nesses anos eu não tenha feito tudo que eu sonhava, eu fiz e fui além. Aos 17 anos eu tinha medo de me envolver, de me relacionar, achava que era possível passar por essa vida sem beijar alguém, sem sofrer por alguém, sem amar alguém... Aos 20 eu descobri que não é possível e hoje, estou calejado e pronto pra tentar novamente, não porque o outro não deu certo, mas porque foi bom demais... Mesmo que a tristeza venha no amanhecer, eu sei que o que passou valeu, então prefiro insistir do que agir como aos 17, tentando me esconder atrás do meu medo. 
Aos 17 eu acreditava que a felicidade se encontrava num final de mês cheio de dinheiro, mesmo que o meio pra se chegar até lá fosse terrivelmente insuportável, hoje prezo pelo prazer de fazer o que gosto mesmo que no final eu seja um pobretão, afinal o que hei de levar da vida senão as coisas boas que fiz durante ela?! Eu não me arrependo do caminho que percorri, e digo mais, não o faria diferente se tivesse uma segunda chance, pelo simples fato de que mesmo um pouco tarde eu consegui ver que sou feliz nessa forma de ser/estar, mais do que o Patrick de 7 anos atrás, que era receoso, orgulhoso, medroso, perdido, tímido e discreto. Não me defino como exagerado ou extremista, apenas vejo que hoje assumi minha verdadeira personalidade, hoje sou feliz da minha forma, sem pensar que tenho que agradar a tudo e a todos; hoje não tenho medo de falar que eu errei e pedir desculpas. Tudo porque aos 24, tenho os amigos que sempre prezei e os bons que conquistei; tenho a felicidade de ter feito a faculdade dos sonhos, com direito a cidade histórica, cachaça e tudo que um bom mineirin preza; tenho a família, mesmo que pequena, essencial. Então, posso facilmente garantir que sou feliz aos 24 e quero o ser aos 25, quando estiver lá, e assim por diante... Porque outra coisa que aprendi foi a viver o momento em que estamos, esse negócio de ficar esperando demais o amanhã ou sofrendo demais pelo ontem não tem me levado a nada, porque o que foi, simplesmente foi e o que virá é incerto demais pra eu me preocupar, afinal quem pode garantir que eu serei feliz aos 27, se ele tá tão longe?! 

E pra finalizar, lhe digo pra não levar ninguém a sério aos 17 anos, como garantiu Rimbaud, porque não o são mesmo... Irão mudar de opinião, de ideais, de propósitos e você ficará aí, com cara de bobo...