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18 dezembro 2013

Sobre o "ir embora" e a saudade.

Sabe aquela sensação desesperadora de ir embora? Então, me peguei passando por mais uma dessas crises. E cheguei à seguinte conclusão: só queremos ir embora quando estamos insatisfeitos. Precisei passar dos tão temidos/adorados 20 e poucos anos pra descobrir isso. Olhando pra trás, vi que a minha ida pra faculdade, talvez tenha sido mais uma fuga das coisas daqui do que necessariamente para fazer um curso bem conceituado. 
E assim foi durante os quatro anos de graduação, aonde eu ia daqui pra lá e vinha de lá pra cá, sempre que algo me incomodava em um dos dois lugares. Quando tudo chegou ao fim, eu pensei: E agora? Não terei mais um lugar para onde fugir quando os amigos daqui não me derem atenção, quando eu brigar com alguém ou não gostar da maneira como me tratam, quando eu me sentir um peixe fora d’água. E assim tem sido! 
Agora inventei um novo lugar pra fugir. Mais perto, para não passar pelas dores da distância (que eu sei quão doídas foram), porém longe o suficiente para criar novamente um mundo só meu. E eu mesmo me pergunto: Até quando isso vai dar certo Patrick? Não tenho uma resposta boa o suficiente. Sei que, assim como foi com Mariana, criarei laços fortes com as pessoas e quando eu decidir sair de lá, sentirei um pesar imenso de deixá-los pra trás. Mas acho que a vida é mais ou menos assim, né?! A gente cria vínculo e os desfaz com a mesma facilidade de quem desembrulha um presente; afinal, todo dia perdemos um pouco do que somos e do que adquirimos com o tempo. 
Ir embora nunca resolverá meus problemas, apenas os amenizará. E eu não sou o primeiro, muito menos o derradeiro, a tomar essa atitude. Quantos de nós já não nos pegamos pensando: Se eu for embora, encontrarei um “paraíso” do lado de lá, serei feliz, encontrarei o amor da minha vida, terei amigos que só me compreendam e lugares que me caibam. E raras são as vezes que isso acontece, já que em todo lugar existirá amores não correspondidos, amigos que serão seus amigos mesmo não concordando com tudo que você acredita e finais de semana “so boring”, em que passaremos o dia dentro de casa vendo um daqueles programas vespertinos apelativos e desnecessários. 
Mas mesmo sabendo que essa fuga de nada adianta, acho que a fazemos em busca de algo melhor. Porque se um dia a esperança de dias melhores acabarem, o que seremos de nós? Quando largamos algo pra trás, sabemos da saudade que sentiremos e que a qualquer momento iremos querer voltar para retomar os “laços invisíveis que havia”. Talvez porque o ser humano ainda saiba que a felicidade é uma “coisa” que só cabe no passado. Poucas são as pessoas que dizem serem felizes no presente, mais poucas ainda são aquelas que têm a fiel expectativa de um futuro perfeito e feliz. A única certeza da felicidade que temos é daquela que deixamos pra trás. Por isso, em vários momentos nos apegamos a fotografias, bugigangas e lembranças de nossa infância, adolescência, ou qualquer que seja a idade já vivida. Porque queremos sentir um pouquinho daquele momento de plena alegria, mesmo sabendo que voltar no tempo é algo impossível.
O “ir embora” funciona mais ou menos assim, tentamos encontrar num lugar novo traços do passado feliz. Tentamos encontrar em rostos novos certo amparo que irá nos remeter aos mesmos sentimentos vividos no passado, seja por um amor mal resolvido ou por uma relação inacabada. Mas ao mesmo tempo, precisamos desses novos ares com um único intuito: de valorizar o que está ficando para trás. A saudade machuca sim, mas ao mesmo tempo, nos mostra quem foi significativo em nossas vidas, quem passou e deixou uma marca em nossos corações e mentes. Triste daquele que nunca sentiu saudade, pois talvez não tenha vivido de verdade, não tenha experimentado o novo para poder sentir de volta o gosto do velho. Em minha opinião, os momentos mais felizes da minha vida eram quando eu voltava pra casa, fosse em Brazópolis ou Mariana; pelo simples fato de que eu estava sentindo que ia matar aquilo que me matava: a saudade. 
Sei que é da minha índole ir embora. Acho que nasci meio andarilho e assim pretendo ficar, até quando a idade me permitir. Outro dia uma amiga me disse que a cidade em que moro é muito pequena para mim, e talvez ela esteja certa. Mas não pequena no sentido de tamanho, propriamente dito, pequena no sentido de não caber meus sonhos, meus ideais. Mas ao mesmo tempo, sei que se nada der certo lá fora, estarei apto pra voltar quando eu quiser, pra sentir o cheiro da infância e encher meus olhos com as montanhas mais verdes e o céu mais azul que eu já vi. Mais uma vez faria da minha partida uma fuga, em busca de novos ares e nova gente, de um novo lugar para depositar minhas esperanças e colher minhas frustrações. Ir embora é se renovar, sem deixar que os pedaços partidos do passado fiquem perdidos pelo caminho, porque bons são aqueles que sabem dar valor à vida vivida, mesmo que o tempo só lhe traga bons frutos – melhores que aqueles já colhidos. 

13 novembro 2013

Insensatez

Dora tem as mãos nos pés e o mundo nas costas. Ela não sente as pessoas. Ela não ama seus objetos. Ela apenas vive. Sem pensar nos riscos que vai correr, ou nas trilhas que ainda vai percorrer. Mas tem sempre um penteado pronto, um olhar, uma cara. Para todas as atitudes.

Mesmo que busque sempre ser imprevisível, seu maior erro é tentar programar cada situação. Quando ela se veste de rubra cor, não se sabe de fato o que sente, mas sabemos que ela quer mais do que provocar, quer mais do que se deleitar pela noite da cidade grande. E durante as horas vespertinas, procura ser recatada, comportada e fingir que a alma da dama que lhe possui a noite, não lhe pertence naquele breve momento. As noites.

Perfume barato. Bijuterias pesadas. Decotes ousados. E cigarro na boca. Nada além disso. Nem pudor, nem vergonha. Apenas pele e brisa. 

Entre suas pernas apenas homens.
14 abril 2013

A despedida!

"Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer"

Luís Fernando Veríssimo
 
 
Aquele começo de agosto de 2009 parecia tão comum pelo tanto de novidade que me trouxe. Em menos de uma semana tive a perda mais triste da minha vida, assim como a mudança mais relevante. Eu cheguei em Mariana como um órfão, perdido em meio a prédios históricos, em um lugar onde meu retroflexo era estranho e o simples cumprimento não era com um "oi", mas sim com um "ei". Por vezes, achei que eu não aguentaria, por vezes pensei em voltar pra trás e desistir daquela história de universidade longe de casa. Mas eu resolvi persistir e mesmo achando que Letras não era bem o que eu queria, eu preferi me manter nessa caminhada. E não mudei apenas da literatura para a linguística, mudei de ideais, mudei de pensamentos, me encontrei. Me vi pela primeira vez "apaixonado", me vi (da noite pro dia) o melhor amigo daqueles "desconhecidos" de dias atrás. E se em alguns momentos eu fugia daqui na esperança de encontrar em Brasópolis o que eu pensava que me faltava em Mariana, saibam que eu não encontrei e aquele vazio no peito de saudade daqui bateu.
Em pouco tempo consegui chamar Mariana de lar e os desconhecidos de meus grandes amigos. E já que eu estava longe da mamãe, porque não me entregar à vida universitária?! Foi o que fiz e me orgulho de tudo, de ter ido em rocks, bebido batidões, conversado com camofas, catado cadeiras inúteis, inaugurado quadrinho, enfim, eu fui um aluno exemplar no quesito UFOP. Se ela era de outro planeta eu nunca vou saber, mas que Ouro Preto é "um lugar do caralho", eu não posso negar.
Amanhã eu parto, saio daqui com aquela dor da despedida, com as típicas lágrimas da partida, com a certeza que eu volto, porque ainda tenho amigos aqui, porque ainda sou "ex-aluno" e tenho muita caixa pra pagar, porque o que eu vivi aqui, só eu e os meus sabemos, ninguém mais.
Eu vou com a certeza de ter deixado a casa arrumada para os que chegam e amparados os que eu deixo. Saio pela porta da frente na certeza de ter cumprido meu papel aqui, e mais do que isso, na certeza de ter vivido intensamente essa fase da vida chamada VIDA UNIVERSITÁRIA.
Não podia deixar por menos, tenho de agradecer cada um que fez dessa minha jornada algo menos árduo. Agradeço à Bê, que me deu o primeiro teto sob o céu de Mariana, assim como agradeço às Pseudonas por me abrigarem. Agradeço à República Sem Escrúpulos, que foi minha casa por um período e mesmo tarde me desculpo com Lincon e Du pelos fatos ocorridos. Agradeço ao Lucas e o Felipe por aguentaram meus surtos, minhas neuras e meu arroz queimado. Agradeço à República Trem Bão pelos ensinamentos e como colocar camisinha na xícara, pelos cafés feat. fofocas. Agradeço aos meus amados cachorros Peter pela recepção "calourosa" no meio da madrugada, Elaine pelas caipis e por ter viajado horrores pra aguentar minha birra no meu aniversário, Mari pelas balas de leite Ninho, pela ajuda no Casarão e por todos momentos de ócio quando ficávamos dialogando inconclusivamente, Roberto que mesmo não estando tão presente na minha vida acadêmica pessoalmente, estava sempre me falando asneiras no Facebook e fazendo meu dia mais engraçado, ao Wendel pelo "Corra Lola Corra" que, digamos assim, eu tenha ficado levemente transtornado e colocado insistentemente Britney e Beyoncé, mas acho que ele tava ocupado demais pra perceber (risus). Agradeço também letreiros que fizeram das aulas algo mais legal (sim, isso é possível), seja tirando a melhor nota de Dialetologia, sem fazer muito esforço, né Leandro? Levando broncas nas aulas de Literatura Brasileira ou Portuguesa, sei lá né Stefânia? Seja não tendo o texto e ficando sem reação, não é Thuany? Seja na hora do stress excessivo, né Fernanda? Ou seja nos coffebreaks onde um simples comentário vira ofensa, né Emile? Agradeço aos meus amorinhos Karine e Luiza pelos sábados de babá, pelos porres homéricos, enfim por serem tão especiais.  Agradeço à República Make Up por me receber depois do rock, quando eu insistia em subir as escadas engatinhando ou chorar desesperadamente no sofá da sala. Agradeço por fim, meu segundo (ou seria o primeiro) lar, ou melhor D'ocê Lar. Sim, eu conheci um lugar muito diferente, onde só tem boa gente e nesse lugar eu passei tardes, noites, manhãs. Nesse lugar eu sorri como nunca e chorei também. Eu fiz amigas que eu jamais podia imaginar que ainda faria. Bebi loucamente com a Susi, conversei horas sobre novela e relacionamentos interpessoal com a Mel, fui em festas alternativas com a Karine e com a Grazi, ri junto com o Mutley, ops, Thaís e cedi ao poder de persuasão da Luana. Ah, claro que eu não vou esquecer das histórias de Canaã e nem do bebê estressado. Me alegro de presenciar a ação do bonde Aline e de tê-la ao meu lado em Congonhas e fico muito satisfeito da amizade que construí com a foca Letícia. Creio que eu não tenha palavras para falar o quão importante vocês são pra mim.
 
Então acho que é isso... Aquela hora que sabemos que temos que ir, mas sempre vai ter um gostinho de "quero mais". Eu vou, mas sempre que puder volto correndo pra Lama! Pra finalizar, deixo aos que ficam meu pedido do não esquecimento a respeito da minha pessoa, através de uma canção do Skank que marcou meu primeiro período, pois é, eu não estava no show deles na Tiradentes, mas sempre que eu pisar lá terá aquela cara de "um lugar diferente lá depois da Saideira".
 
 
 

18 março 2013

Muito além de Toy Story


Eu ia continuar minha saga no cinema, mas me deparei com Toy Story 3, que me impediu de continuar... Porque?! Porque foi a história mais emocionante que vi, digo isso com convicção não porque chorei horrores e ainda estou chorando, mas porque quem viveu Toy Story desde o começo, na infância e viu todos os momentos de Woody, Buzz e sua turma sabe do que eu tô falando. 
Quando me propus a assistir, jurava que era balela essa história de que tanta gente se emocionava. Em geral, quem me disse a respeito de tais sentimentos foram amigos ou pessoas em blogs que por coincidência ou não possuem uma idade parecida com a minha. Talvez seja pelo que foi dito acima, porque vimos nascer Buzz, vimos os ciúmes de Woody, vimos Andy começar a deixar os brinquedos de lado e vimos Andy indo pra faculdade, mas mais do que isso, fomos como Andy. Largamos nossos brinquedos nesse período, largamos nossa infância, nossa família, desbravamos fronteiras e fomos pra a tal faculdade. E cá estamos, nostálgicos diante de um filme que nos leva ao passado e nos faz sentir de novo aquela vontade enorme de pegar o primeiro brinquedo velho no armário... e simplesmente brincar?! Não acho que seja essa a solução, acho que tivemos nosso tempo e como mesmo o filme diz é hora de deixarmos para os mais novos, para que um dia se sintam satisfeitos com suas infâncias como nós nos sentimos. 
Vendo com um olhar de analista de discurso fílmico, digo que foi o melhor filme da trilogia, não pelo peso emocional que tem, mas pelo conteúdo geral, por ter um vilão cruel e um mocinho mais corajoso ainda do que antes. A proposta inicial da Pixar em criar um filme para crianças sempre deu certo, Toy Story sempre manteve a posição de desenho com história voltada para o público infantil, mas creio que a própria empresa se sentiu nostálgico em ver que teria que tirar do ar a saga dos brinquedos e resolveu trazer uma história mais adulta em certos pontos, sem deixar cair a peteca do infantil. 
Bom, se você ainda não viu digo que pegue seu lenço e assista, porque por alguns minutos você vai se sentir uma criança, vai rir e quando se ver no Andy, como eu creio que todos tenham se visto em algum momento, chore, porque você cresceu, mas nunca perderá as lembranças daqueles bons tempos. 

Amanhã eu volto com minha saga sobre o cinema e a minha vida. 
17 março 2013

"... Um modo divino de contar a vida" (Parte 3)

O Paciente Inglês, Shakespeare Apaixonado, Titanic, Beleza Americana

Continuando a história do menino que vive a mercê do cinema, chegamos ao anos de 1997. Naquele ano o garoto começa a ganhar certa responsabilidade com uma dose de coragem, começava a ir sozinho para a escola. Os amigos já não eram os mesmo do pré-escolar e estudar agora parecia de verdade, mas só parecia. Naquele ano, Alien ressuscitava e um casal de Nova York tentava de tudo para ter um filho. As Spice Girls conquistavam a sétimo arte, mas não muito público e na onda de cantoras no cinema, J. Lo dava vida à Selena. E no Brasil não havia mais o medo sobre a censura, por isso resolveram trazer à tona coisas sobre a ditadura... O que é isso companheiro? Chuck ganhava uma noiva e nascia o tal Mundo Perdido de Jurassic Park. Matt Damon naquele foi um Gênio indomável, Julia Roberts não conseguiu ver seu melhor amigo se casar e alguém sabia o que aqueles jovens haviam feito no Verão passado. Mas o ano foi mesmo de Ralph Fiennes com suas queimaduras e histórias em Paciente Inglês.
No ano seguinte as coisas continuavam iguais, alguns problemas a parte, o garoto continuava naquele ritmo de escola e nas férias devorava gibis da Turma da Mônica. E no cinema resolveram reviver a época das danceterias contando a vida dos que frequentavam a famosa boate de NY Studio 54. Jack Nicholson estava estressadíssimo naquele ano e um grupo de homens comuns assume a personalidade de strippears para não perder suas famílias. A vida de insetos começava a ser explorada, muito além do National Geo, assim como a vida de Truman que teve cada situação sua televisionada desde seu nascimento. Também em 1998, o soldado Ryan era resgatado, Mary procurava alguém para se casar, Patch Adams contagiava a todos com seu amor, uma Lenda Urbana ganhava verdade e Julia Roberts ficava Lado a Lado com Susan Sarandon para uma emocionante história. Um meteoro ameaçava cair na terra e causar um Impacto Profundo, mas o que desesperava Laurie Strode era que mesmo 20 anos depois, Michael Meyers não lhe deixava em paz no Halloween. Mas o que fez o mundo literalmente parar foi o amor de Jack e Rose durante a viagem do transatlântico Titanic
Em 1999 surgiram os famosos boatos que o mundo acabaria, aquela apreensão com relação à virada do milênio, enfim o garoto claro que entrou na onda. Era o último ano dele no grupo escolar, finalizava mais um ciclo de vida entre canetinhas que grudavam e brincadeira de 'menino pega menina' (oi?! Rs). E no cinema, todos queriam ser John Malkovich, o clássico Fantasia ganhava sua versão 2000. Adam Sandler era um Paizão que ninguém dava nada, mas todos queriam ter e o mundo não era o bastante para o agente 007. Almodóvar mostrava tudo sobre sua mãe e Tarzan ganhava sua versão Disney. E se Ripley mostrava todo seu talento na arte da trapaça, Bruce Willis não queria aceitar que estava morto e induzia o menino a ver 'gente morta sempre'. Ao som de "Kiss Me" ela foi demais, Drew que nunca havia sido beijada, foi naquele ano, a Julia Roberts fugiu dos noivos como ninguém e Michelle Pfeifer foi até as Profundezas do mar sem fim em decorrência do desaparecimento de seu filho. E na Inglaterra fomos levados para um lugar chamado Notting Hill, mas a história de Shakespeare apaixonado deu mais certo não só por lá, mas pelo mundo inteiro. 
Na virada do milênio nada aconteceu, as coisas continuaram do mesmo jeito e o garoto mudou de escola. Agora se sentia era um adolescente como outro qualquer, que acha que sertanejo é cafona, que arruma problema por qualquer coisinha e acredita que já é responsável o suficiente para fazer tudo. Naquele ano as virgens eram suicidas, os mutantes de X-men ganhavam o cinema, e a sátira aos filmes de terror deixava Todo mundo em Pânico. Jared Letto estava viciado, Christian Bale era um psicopata e começavam as primeiras premonições. Drew, Cameron e Lucy eram as panteras, Keanu Reeves era o observador, Tom Hanks era o náufrago e estava à espera de um milagre, Freddie Prinze Jr. e Claire Forlani não sabiam se era amor ou amizade. Mas o filme do ano foi a história da mocinha que seduzia o tio de meia idade com toda sua Beleza Americana

"... Um modo divino de contar a vida" (Parte 2)

A Lista de Schindler, Os Imperdoáveis, Forrest Gump - O Contador de Histórias, Coração Valente


O tal garotinho agora já estava começando uma nova vida, entrando finalmente no pré-escolar. Em outubro daquele 1993 completa cinco anos de vida e juntamente com ele, Meg Ryan e Tom Hanks entravam em Sintonia de Amor. Aquele Robocop completava sua trilogia e Demi Moore aceitava uma Proposta Indecente. A Whoop Goldberg mudava de hábito de novo e Mary descobriu os segredos do Jardim Secreto. Mas quem ganhava o coração da Academia era mesmo o faroeste de Clint Eastwood e seus Imperdoáveis
No ano seguinte, o menino já começava a assimilar melhor os acontecimentos dentro dos muros do parquinho e começa a ver a vida de outra forma, com uma pequena dose de independência. E nesse momento já não precisaríamos mais correr, porque a polícia vinha aí para o insulto final. E mais uma história da Disney emocionava o mundo contando a saga do leãozinho Simba até se tornar o Rei da selva, além da emoção de uma simples história de família ao redor da Árvore dos Sonhos. Andy Garcia também enfrentou tudo e todos para mostra do que é capaz Um Homem quando ama uma mulher. Além do bebê fujão que ninguém segurava e do Máskara ganhar vida no cinema, uma história em preto e branco foi a satisfação daquele ano. Enquanto isso, os Batutinhas aprontava todas e três drag queens saiam pelo deserto em um ônibus customizado denominado Priscilla. Steven Spielberg trouxe à tona todo o sofrimento dos judeus da Segunda Guerra Mundial e a famosa Lista de Schindler emocionou a todos. 
Em 1995, o garoto terminaria sua temporada de colorir e naquele final de pré-escolar os Tempos de Violência de Tarantino já havia se acalmado, mas o agente 007 voltava a atacar, agora contra Goldeneye. Era a estreia de Woody, Buzz e todos os brinquedos que ganharam vida e o coração de plateias no mundo todo contando a tal Toy Story e todos queriam ter a vida de luxo daquelas meninas de Beverly Hills. Enquanto os brinquedos se divertiam, Brad Pitt tentava desvendar o assassino por trás dos Sete Crimes Capitais. E entre Quatro Casamentos e um funeral, o adorável Forrest Gump conquistou o coração de muitas pessoas com suas histórias inesquecíveis. 
Primeiro ano no grupo escolar, agora as coisas começavam a ficar sérias. O garoto começava a avançar em sua caminhada, ameaçando ir sozinho até a escola, mas sem muito progresso. Mas quem obteve êxito foi Pernalonga e sua turma ao jogar basquete com Michael Jordan, tornando esse o Jogo do Século. Assim como os criadores da canção "That thing you do" que ganharam o primeiro lugar da Bilboard e trouxeram para o topo o nome The Wonders. Enquanto uns progridem, outros regridem e o mundo das drogas de Edimburgo nunca esteve tão em alta quando em Trainspotting, nem mesmo um furação como Twister poderia arrastar para longe esses jovens degenerados. Surgia o tal serial killer da máscara caricata que deixava todos em Pânico e Romeu e Julieta ganhava uma versão contemporânea. Mas a vez foi do Coração Valente de Mel Gibson que levou o título de melhor filme do ano. 
16 março 2013

"... Um modo divino de contar a vida" (Parte 1)

Rain Man, Dança com Lobos, Conduzindo Miss Daisy, O Silêncio dos Inocentes.

Nos idos de 1987, um garoto nem sonhava em vir à vida, porém algo já acontecia em meio à multidão que lhe afetaria totalmente. Naquele ano era lançado o filme Dirty Dancing estrelando Jennifer Grey e PATRICK Swayze. Porque as letras garrafais?! Simples, porque no ano seguinte do lançamento do filme nos cinemas, nascia o tal garotinho que receberia esse nome graças ao filme. E com apenas um ano, o garoto nem sabia o que vinha a ser cinema, mas Jason já atacava pela 7ª vez e Freddy pela quinta, o tal agente 007 pedia permissão pra matar e o autismo de Dustin Hoffman conquistou o mundo e os críticos da maior premiação mundial. 
Aos dois anos de idade, o garoto já falava, comia sozinho e andava, creio eu. E naquele ano, Arnold Schwarzenegger passou a também admirar as criancinhas e resolveu ser apenas mais um tira no jardim de infância. Ah, Robocop ganhava sua segunda versão e Rocky a quinta, claro, nenhuma foi tão boa quanto a primeira, mas persistiram no erro. Ainda naquele ano, os poetas em sociedade já não viviam mais e Miss Daisy foi conduzida para o prêmio de melhor filme do ano. 
Quando completou três anos, o garoto já dava escândalo por qualquer coisa e demonstrava os primeiros sinais dos mimos. Enquanto isso Julia Roberts fazia Tudo por Amor e Thelma e Louise saiam sem rumo, para no final encontrarem simplesmente um tal de Brad Pitt. O Poderoso Chefão chegava ao final de sua saga, ao passo que o tal do Patrick lá de cima agora voltava como um fantasma, Do Outro Lado da vida... E a tal Dança com Lobos fez o mundo parar só para admirá-los, mas o que fez muitas lágrimas serem derramadas mesmo foi a morte do garotinho John que vivia seu Primeiro Amor
Quando completou quatro anos, o garoto começava a se despedir do comodismo do lar, pois no ano seguinte iniciaria seus "estudos". Medos e frustrações de criança a parte, foi também nesse ano que Al Pacino estava mais azedo do que nunca, mas ensinou a todos como é possível ser cego e levar uma vida normal, diga-se de passagem dançando um tango como ninguém e identificando qualquer Perfume de Mulher. O tal do Brad Pitt voltava para um Mundo Proibido onde desenhos e pessoas se misturavam, enquanto Susan Sarandon se desesperava para encontrar uma cura para seu filho. Também foi nesse ano que Meryl Streep e Goldie Hawn experimentaram o gostinho da morte e viram que lhe caía muito bem. O tal garoto se encantou mesmo com a história da Bela moça que descobre seu grande amor em uma Fera, porém o mundo parou para ver a entrada pela porta da frente no cinema de Hannibal Lecter e O Silêncio dos Inocentes. 

Amanhã a saga do garotinho continua até os oito anos...

09 março 2013

Enquanto corria a barca...

Hoje começa a temporada de inauguração de quadrinhos aqui na tal da Mariana, logo começam as despedidas também. Juro que ainda não caiu minha ficha que tudo está caminhando para o fim, talvez recomeço pra muitos, talvez retorno para outros, pra mim não sei. Mas parece que ainda sinto o cheiro de quando cheguei nessa cidade estranha e comecei a conhecer esse bando de 'gente nova reunida'. 
Entre monumentos históricos e cercado por montanhas claustrofóbicas, eu descobri muita coisa sobre mim mesmo que eu não sabia. Que eu sou comum, acima de tudo! Descobri que posso amar como muitos, fazer amigos que não sejam os que pertenceram à minha infância e viver a vida do lado de fora, para além da TV. Sempre tem também aquelas frustrações que vamos carregar pra vida, uma das minhas é de não ter conseguido me tornar um hippie contemporâneo, seria eu poser por estudar em Mariana, fazer Letras e não ser hippie?! /risos/

Brincadeiras a parte, sei que hoje começa uma temporada de fortes emoções pra mim e pros coleguinhas, aliás, colegas não, AMIGOS. Novos que quero levar pra vida, amigos que guiaram meus passos durante esses anos, que foram meus pais, irmãos que nunca tive, que me completaram me dando mais força pra continuar convivendo com a complicada Mariana. Sendo assim, caros leitores, declaro aberta a temporada de quadrinhos (e de "Até Logo")

Obs.: O título é um trecho da canção "Preta Pretinha" dos Novos Baianos que marcou meu primeiro período da faculdade. 
24 fevereiro 2013

Tempo, tempo, tempo, tempo...


Eis aí algo que me escorre por entre os dedos, o tempo. Cada dia me vejo menos enérgico e ao mesmo tempo mais ciente de quem eu sou. Mais um sábado em casa, isso seria imperdoável nos idos de quatro anos atrás, mas hoje me vejo sossegado diante de tal situação. Há quem diga que na velhice a calmaria te apetece, sinto que é bem assim. Não estou me considerando velho, mas longe de mim acreditar naquela ladainha de idade mental. Não, creio que temos de ter cada experiência referente à sua real idade e meus vinte poucos anos estão ficando pra trás. Ainda gosto de sair com amigos, beber até perder a noção, mas se não o faço, não morro por isso, como há tempo acontecia. E assim me vi aos poucos mudando, aceitando mais o que a vida me proporcionava; não me considero covarde de aceitar as coisas como são, apenas me considero mais paciente, menos mimado por isso. E acredite, em se tratando da minha pessoa isso é um avanço! 
Longe de mim me imaginar aos trinta e longe de mim me tornar um cara de vinte e cinco anos que se dá por satisfeito em passar todas as noites de sábado em casa... Eu apenas aceito uma ou duas, depois disso minha consciência de filho único fala mais alto e não me controlo, quero sair, quero viver. E talvez seja esse o lado doce das coisas, do passar do tempo, talvez seja essa ponderação, esse equilíbrio que encontramos com o tempo que nos faça seres melhores.
17 fevereiro 2013

Vapor Barato

"Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer que eu tô indo embora
Talvez eu volte, um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso."

Muito além de uma mera interpretação, digo que me vejo nessa música. A dor e a angústia que me passam de uma pessoa em total desespero de sair daquele lugar, por decorrência de um amor mal resolvido. Quem nunca se sentiu assim?! Pois é, às vezes cremos que a melhor solução é a fuga. Talvez em caso de extrema necessidade momentânea, essa seja uma boa solução mesmo, mas a longo prazo não resolve. Onde quer que você esteja vai estar pensando naquele outrem, crendo que ele irá aparecer na sua frente a qualquer momento com um buquê de flores e uma caixa de chocolates, como nos comerciais. Mas isso existe?! Esse amor de ficção não seria apenas golpe de marketing?! Achamos melhor acreditar que não, que ele está lá fora esperando a hora de entrar em cena, esperando a música certa, a posição certa dos braços e que seus olhos o sintam com receio e vontade, um paradoxo de sentimentos. 
E se a espera for em vão, irão anos até que nos esqueçamos de vez daquela maldita pessoa, que nos fez ficar ali, inertes diante da vida. Mas caros leitores, algumas poucas vezes nós não os esquecemos, permanecemos esperando, talvez levando uma vida de mentirinha até que a pessoa volte, mas até lá, vamos brincando com os outros, porque não, né mesmo?! 
Em um árduo momento de desabafo só lhes digo que queria "descer por todas as ruas e tomar aquele velho navio, com minhas calças vermelhas e meu casado de general". Pois é, mas num posso! Isso não me levaria a lugar nenhum, afinal já tentei. Provei do gosto amargo desse remédio e a cicatriz permaneceu. Até hoje olho na real intenção de nunca mais sentir se quer um carinho ou mesmo um ódio, mas num consigo. Vai além de mim tentar sentir apenas desprezo e é nessas horas em que me vejo perdido num mundo de devaneios, num mundo onde eu não me encaixo ou ao menos não vejo o encaixe. Vai ver que é porque uma peça ficou pra trás, e assim será. Sempre faltará essa peça, e na esperança do pra sempre sempre acabar, vou seguindo na tentativo de achar outra peça que se encaixe melhor no quebra-cabeças. 
25 janeiro 2013

Eu não era feliz aos 17



Aos 17 eu tinha poucas crenças e muitos sonhos, hoje posso dizer que tenho meus pés mais no chão, sei que não devo pisar em qualquer pedra, pois eles não irão suportar. Aos 17 anos eu me via num futuro certo, trabalhando em algum arranha-céu de São Paulo, já com minha faculdade de direito concluída e levando uma vida monótona. Não, hoje aos 24, eu ainda não terminei meu curso e faço Linguística, um curso que ninguém sabe o que é e não viso morar em Sampa... Bom, nada contra lá, mas acho que minha vida tá em outro lugar, um local escondido e esperando por mim, e eu tenho certeza que em breve irei encontrá-lo ou ao menos encontrar uma maneira de torná-lo meu. Aos 17, eu tinha grandes amigos e outros que eu achava que eram tão grandes quanto... Hoje, prezo pelos poucos e bons, sinceros, grandes na sua verdade. E se antes eu apenas sonhava em morar longe, hoje digo que o sonho está realizado, não plenamente, mas no nível que eu queria ter realizado. Não digo que nesses anos eu não tenha feito tudo que eu sonhava, eu fiz e fui além. Aos 17 anos eu tinha medo de me envolver, de me relacionar, achava que era possível passar por essa vida sem beijar alguém, sem sofrer por alguém, sem amar alguém... Aos 20 eu descobri que não é possível e hoje, estou calejado e pronto pra tentar novamente, não porque o outro não deu certo, mas porque foi bom demais... Mesmo que a tristeza venha no amanhecer, eu sei que o que passou valeu, então prefiro insistir do que agir como aos 17, tentando me esconder atrás do meu medo. 
Aos 17 eu acreditava que a felicidade se encontrava num final de mês cheio de dinheiro, mesmo que o meio pra se chegar até lá fosse terrivelmente insuportável, hoje prezo pelo prazer de fazer o que gosto mesmo que no final eu seja um pobretão, afinal o que hei de levar da vida senão as coisas boas que fiz durante ela?! Eu não me arrependo do caminho que percorri, e digo mais, não o faria diferente se tivesse uma segunda chance, pelo simples fato de que mesmo um pouco tarde eu consegui ver que sou feliz nessa forma de ser/estar, mais do que o Patrick de 7 anos atrás, que era receoso, orgulhoso, medroso, perdido, tímido e discreto. Não me defino como exagerado ou extremista, apenas vejo que hoje assumi minha verdadeira personalidade, hoje sou feliz da minha forma, sem pensar que tenho que agradar a tudo e a todos; hoje não tenho medo de falar que eu errei e pedir desculpas. Tudo porque aos 24, tenho os amigos que sempre prezei e os bons que conquistei; tenho a felicidade de ter feito a faculdade dos sonhos, com direito a cidade histórica, cachaça e tudo que um bom mineirin preza; tenho a família, mesmo que pequena, essencial. Então, posso facilmente garantir que sou feliz aos 24 e quero o ser aos 25, quando estiver lá, e assim por diante... Porque outra coisa que aprendi foi a viver o momento em que estamos, esse negócio de ficar esperando demais o amanhã ou sofrendo demais pelo ontem não tem me levado a nada, porque o que foi, simplesmente foi e o que virá é incerto demais pra eu me preocupar, afinal quem pode garantir que eu serei feliz aos 27, se ele tá tão longe?! 

E pra finalizar, lhe digo pra não levar ninguém a sério aos 17 anos, como garantiu Rimbaud, porque não o são mesmo... Irão mudar de opinião, de ideais, de propósitos e você ficará aí, com cara de bobo...