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20 abril 2011

Epitáfio

Para a família deixo meu braços, para sempre que sentirem minha falta possam me abraçar
Para os amigos deixo meu olhos, para eles poderem assistir tudo o que eu vivi junto deles
Para os dias de calor, deixo a pele desgastada pelo sol dos trópicos
Para os dias de frio, deixo minha jaqueta verde que não me aqueceu, mas me fez sentir bem
Para os dias de ócio, eu deixo os artigos infindáveis que eu não li
Para as noites, eu deixo meus pés, pois só eles sabem os caminhos que eu percorri
Para o computador, ficam meus escritos, que me fizeram tão bem
Para um certo alguém, eu deixo meu coração, pois se há algum mal nele, foi conseqüência do mau uso; e se tiver alguma coisa boa, foi apenas a sua presença
E dela, eu levo os lábios, que por menos tempo que eu tenha habitado aquele ambiente, seu registro permaneceu no "lóbulo frontal do lado esquerdo do meu cérebro" 
Para os ouvidos, eu peço que conheçam melhor uma certa alma gêmea que declarou seu amor de maneira tão sublime que fez um "train" inteiro ficar conhecido pelo mundo.
Para os olhos que ficaram com os amigos, vão junto minhas caixas com cartas, bilhetes e foto, porque são as partes concretas daqueles momentos que eles vão assistir
E o meu cérebro vai para algum instituto de estudos, não porque ele contenha muita coisa, mas para uma explicação de como eu me tornei um Lingüísta sem um amplo conhecimento em Saussure
E quando os meus escritos tiverem de sair daquele computador (em favor da ingratidão das máquinas que fazem questão de expulsar tudo que não lhes serve mais) eu deixo cada pedaço com a pessoa sobre  a qual eu falei. 
Para a chuva eu deixo meu guarda-chuva que me protegeu mais dos outros do que da água
Para o sol ficam meus óculos, que sempre me deixaram escondido por trás das lentes, mesmo transparentes.
Para os amigos em particular, deixo tequilas, postais, crônicas, filmes e discos empoeirados, porque eu sei que dessa forma algo que existe em mim ainda vai poder residir na natureza viva que existe neles.  

Vamos fugir...

Ahh, porque a rotina me cansa de uma maneira tão "cansativa"?
Nem estou mais sabendo o que se passa na freneticidade do cérebro invonluntário. Às vezes, simplesmente tenho vontade de cair no mundo, mas assim, sem olhar pra trás, sabe?! Tipo, esquecer tudo e todos e tentar começar uma vida, realmente, nova. Mas sei que isso é impossível e logo temos que continuar com a vida antiga, com os problemas antigos, tentando conciliá-los com esse novo rumo que demos pras coisas. 
Eu acredito que esse meu modo de pensar reflete o modo como eu tento fugir dos meu problemas. Sei lá, parece que é mais aceitável pra mim sair correndo do que encarar tudo que está acontecendo. Mas nessas horas em que paro pra pensar na minha vida, vejo que muita coisa errada vem se arrastando e eu não sei como resolver. Sei, mas acho que meu orgulho é maior do que as minhas tentativas de resolução. 
Será que um dia eu vou aprender a melhorar esse meu comportamento?! Eles me chamaram de fútil, de criança, de egoísta... Sim, eu sou um menino muito mal. Mas eu juro que estou tentando melhorar. E acho que o tempo só tem me feito bem, mas acho que é difícil pras pessoas entenderem que não depende só de mim, e que uma mudança tão brusca seria impossível. E mais uma vez opto pela fuga de tudo e de todos. Mas até quando esse será o melhor caminho pra mim?! Acho que vai chegar uma hora em que eu realmente vou ter que ver as pessoas de frente, e saber aprender com meus erros, afinal eu erro, eu falho e choro como todo ser humano. Não sou diferente, apenas tento não parecer tão comum como eu sou.
18 abril 2011

E se...

Acho que seria melhor se nós não falássemos do passado, e nem esperássemos muito do futuro, porém isso é quase inaceitável... Afinal, vivemos de lembranças e de esperanças... Bom, mas eu queria deixar claro que o que quero evidenciar aqui, foi a colocação que fiz na primeira frase citada. (calma, eu não vou começar a dar aulas de língua portuguesa aqui no blog, não!) Bom, eu quis dizer que várias vezes a gente é levado pela expressão mais duvidosa que move o ser humano, "e se..." 
Bom, sabemos que não temos duas chances na vida, e que o que passou deve ficar lá atrás, porque não podemos melhorá-lo nem estragá-lo. Mas acho que isso é mais uma daquelas coisas que só funcionam na teoria, na prática ninguém consegue não pensar no "E se..." 
O que vem ao caso é que, esses dias eu parei e pensei: Como seria minha vida se... se eu não tivesse tido tantas perdas, e não tivesse descoberto um mundo para além dos meus olhos. E se eu não tivesse mudado pra Mariana, e se eu não optasse por fazer Letras e tivesse tentado arquitetura que eu tanto quis. E se, e se, e se...
Acho que a maior dor do ser humano é não poder saber antes como vai ser o amanhã, para daí então ele calcular seus passos de modo que ele jamais cometa erros... Mas, quem disse que errar não é bom?! Sei que vai parecer clichê, mas é verdade, aprendemos muito com nossos erros... E talvez quanto mais a gente se arrisque em ações que não sabemos se vai dar certo, mais coragem depositamos em nós mesmos... Leitores, longe de mim essa política da auto-ajuda, só estou aqui fazendo uma análise de mim mesmo e abrindo minha torneira de asneiras (já dizia Emília) para mais um desabafo... 
Ando cansado de criar expectativas, mas acho que ando mais cansado de viver à base de fatos e histórias passadas. Então eu optei por viver o presente, talvez porque a dúvida do futuro me corroa demais, e a saudade do passado seja muito abstrata... 
E se eu não postasse nesse blog, qual seria meu depositário de desabafos?! E quem seria meus ouvintes secretos?! 

=P