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24 fevereiro 2013

Tempo, tempo, tempo, tempo...


Eis aí algo que me escorre por entre os dedos, o tempo. Cada dia me vejo menos enérgico e ao mesmo tempo mais ciente de quem eu sou. Mais um sábado em casa, isso seria imperdoável nos idos de quatro anos atrás, mas hoje me vejo sossegado diante de tal situação. Há quem diga que na velhice a calmaria te apetece, sinto que é bem assim. Não estou me considerando velho, mas longe de mim acreditar naquela ladainha de idade mental. Não, creio que temos de ter cada experiência referente à sua real idade e meus vinte poucos anos estão ficando pra trás. Ainda gosto de sair com amigos, beber até perder a noção, mas se não o faço, não morro por isso, como há tempo acontecia. E assim me vi aos poucos mudando, aceitando mais o que a vida me proporcionava; não me considero covarde de aceitar as coisas como são, apenas me considero mais paciente, menos mimado por isso. E acredite, em se tratando da minha pessoa isso é um avanço! 
Longe de mim me imaginar aos trinta e longe de mim me tornar um cara de vinte e cinco anos que se dá por satisfeito em passar todas as noites de sábado em casa... Eu apenas aceito uma ou duas, depois disso minha consciência de filho único fala mais alto e não me controlo, quero sair, quero viver. E talvez seja esse o lado doce das coisas, do passar do tempo, talvez seja essa ponderação, esse equilíbrio que encontramos com o tempo que nos faça seres melhores.
17 fevereiro 2013

Vapor Barato

"Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer que eu tô indo embora
Talvez eu volte, um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso."

Muito além de uma mera interpretação, digo que me vejo nessa música. A dor e a angústia que me passam de uma pessoa em total desespero de sair daquele lugar, por decorrência de um amor mal resolvido. Quem nunca se sentiu assim?! Pois é, às vezes cremos que a melhor solução é a fuga. Talvez em caso de extrema necessidade momentânea, essa seja uma boa solução mesmo, mas a longo prazo não resolve. Onde quer que você esteja vai estar pensando naquele outrem, crendo que ele irá aparecer na sua frente a qualquer momento com um buquê de flores e uma caixa de chocolates, como nos comerciais. Mas isso existe?! Esse amor de ficção não seria apenas golpe de marketing?! Achamos melhor acreditar que não, que ele está lá fora esperando a hora de entrar em cena, esperando a música certa, a posição certa dos braços e que seus olhos o sintam com receio e vontade, um paradoxo de sentimentos. 
E se a espera for em vão, irão anos até que nos esqueçamos de vez daquela maldita pessoa, que nos fez ficar ali, inertes diante da vida. Mas caros leitores, algumas poucas vezes nós não os esquecemos, permanecemos esperando, talvez levando uma vida de mentirinha até que a pessoa volte, mas até lá, vamos brincando com os outros, porque não, né mesmo?! 
Em um árduo momento de desabafo só lhes digo que queria "descer por todas as ruas e tomar aquele velho navio, com minhas calças vermelhas e meu casado de general". Pois é, mas num posso! Isso não me levaria a lugar nenhum, afinal já tentei. Provei do gosto amargo desse remédio e a cicatriz permaneceu. Até hoje olho na real intenção de nunca mais sentir se quer um carinho ou mesmo um ódio, mas num consigo. Vai além de mim tentar sentir apenas desprezo e é nessas horas em que me vejo perdido num mundo de devaneios, num mundo onde eu não me encaixo ou ao menos não vejo o encaixe. Vai ver que é porque uma peça ficou pra trás, e assim será. Sempre faltará essa peça, e na esperança do pra sempre sempre acabar, vou seguindo na tentativo de achar outra peça que se encaixe melhor no quebra-cabeças.