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13 novembro 2013

Insensatez

Dora tem as mãos nos pés e o mundo nas costas. Ela não sente as pessoas. Ela não ama seus objetos. Ela apenas vive. Sem pensar nos riscos que vai correr, ou nas trilhas que ainda vai percorrer. Mas tem sempre um penteado pronto, um olhar, uma cara. Para todas as atitudes.

Mesmo que busque sempre ser imprevisível, seu maior erro é tentar programar cada situação. Quando ela se veste de rubra cor, não se sabe de fato o que sente, mas sabemos que ela quer mais do que provocar, quer mais do que se deleitar pela noite da cidade grande. E durante as horas vespertinas, procura ser recatada, comportada e fingir que a alma da dama que lhe possui a noite, não lhe pertence naquele breve momento. As noites.

Perfume barato. Bijuterias pesadas. Decotes ousados. E cigarro na boca. Nada além disso. Nem pudor, nem vergonha. Apenas pele e brisa. 

Entre suas pernas apenas homens.