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14 setembro 2010

... a velha casa.

Ainda abriga as coisas mais saborosas do tempo de criança. Ainda reside nela o cheiro do doce ainda em processo, e do abraço ainda caloroso. Mas a casa não abriga as mesmas pessoas, nem as mesmas histórias. Agora existe nela um mundo novo, um mundo feito de aparelhos eletrônicos modernos, de fio e antenas que servem para satisfazer em tudo a vida dos moradores daquele local. O que antes era sustentado por grandes paredes de período colonial, hoje dão espaço a papéis de parede com decoração psicodélica. A dama que morava nela, e se voltava para a vida dentro daquele casulo, hoje está na rua, e não tem mais tempo nem mesmo para apreciar os móveis, as porcelanas, aliás, ela não tem mais apreço para com essas "futilidades" mais. E o senhor da casa, que saia às ruas em busca de dinheiro para o sustento do lar, hoje sabe cuidar das crianças, ou mesmo dividir as contas com a mulher. Inversão de papéis apenas?! Não. Apesar de as mulheres conquistarem sua independência no momento em que os homens abriram os olhos para os cosméticos e surgiu a tão comentada definição: metrossexual. Mas a casa poderia permanecer a mesma, o que não permaneceu no lugar foram os pensamentos, as opiniões dentro da cabeça das pessoas que a habitavam. Mas no sotão, ainda existe a boneca sem uma perna da menina que um dia sabia que poderia conquistar o mundo, e talvez quando bater a solidão e a frustração de que a conquista do mundo não lhe garante a certeza de dias melhores, ela se volte para a boneca e reveja a alegria de uma vida de pequenas alegrias.

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