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06 setembro 2010

Sem sentido...

Como quem não busca nada mais do que sexo, ele saiu pelas ruas com seu carro querendo algo a mais naquela noite. E a viu, num vestido vermelho, trajando um colar vulgar, bem como seus modos. E num salto quinze, ela andava com o cigarro aceso como quem não busca nada na noite - ou mesmo, na vida. Ele passou mais devagar perto dela e ela olhou. E num sinal mais do que sutil dela, ele voltou com o carro. E lhe perguntou se ela  estava "afim de algo". Ele lhe ofereceu dinheiro e ela aceitou. Saíram dali para sabe-se lá onde. 
Ela começou a se despir e ela a parou. Fixou em seus olhos e disse: _Não quero sexo!
Aquelas palavras não cabiam mais em seu contexto. Desde os primórdios de sua vida profissional, ela nunca ouvira tamanha recusa. Pois bem, ela resolveu ouvir o que ele tinha pra lhe dizer, qual seria sua justificativa. Ele não lhe disse nada, apenas a observou. Começou então a desabafar sobre os problemas que lhe apeteciam. Suas dores, suas lamúrias. Ela o ouviu, afinal, ele tinha lhe pagado. Estava lá para lhe atender. E em meio a toda a freneticidade de sentimentos e emoções do qual ele estava passando, ela se descobriu fria. Sem dar importância para o que se passava na vida daquele estranho, ela via suas lágrimas e nada dizia, ou fazia. Pois bem, ambos saíram saciados. Ele desabafou. Ela recebeu o que lhe era devido. Tal frieza se coloca diante dos movimentos da modernidade. No final de tudo, não nos importamos mais com os outros, vivemos um individualismo incontrolado. Fugindo da realidade e de nós mesmo, tentamos mostrar que somos capazes de agirmos assim, por nós mesmos. Tempos modernos em solidão arbitrária.

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