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30 janeiro 2010

O que foi feito amigo de tudo que a gente sonhou

E os planos ficaram pelo caminho. Deixamos nossos ideais, nossos sonhos. E vivemos da maneira que a vida nos é imposta. Vamos refazer os sonhos, os ideais. Porque precisamos disso pra viver. Afinal não nascemos pra passear pelo mundo, mas nascemos pra mudar esse mundo. Vamos deixar nossa marca nele, e mostrar que somos algo a mais do que pessoas normais. Se for taxado de louco, não ligue. Os mais loucos se tornaram grandes pensadores e firmaram seu lugar na sociedade moderna.
Modernidade?! A juventude moderna não se constroi mais com bases culturais como as de antes. Agora somos levados pelo que a maioria quer. Não manifestamos mais nossos reais desejos. Vamos deixar os rótulos, e mostrar ao mundo que realmente queremos da vida. Qual música gostamos. Qual filme gostamos. O que achamos bonito e o que achamos feio. E vamos ter mais respeito para com o gosto do outro, porque a vida não teria graça se todos gostássemos da mesma cor, da mesmo comida, da mesma bebida. O melhor do mundo é a diversidade. Ser diferente é bom. Errado foi aquele que estipulou um estilo de vida, que segue uma rotina, toda uma programação. Sem graça é mesmo. Mas não vou me contradizer, e vou respeitar quem vive assim, porque também é um estilo de vida.
Mas vamos nos permitir mais. Vamos deixar as coisas acontecerem e vamos marcar uma geração, porque o que passou ficou registrado, mas o que estamos passando está sendo apagado pelo tempo. Sendo varrido pelas horas de ócio que corrõem os seres da sociedade moderna.

Título: O que foi feito de vera - Milton Nascimento
25 janeiro 2010

Non Je Ne Regrette Rien

Arrependimento?! Somos todos adeptos desse sentimento inexplicável que sai pela janela do ser. Como algo tão involuntário pode mexer com a gente e nos fazer pessoas tão pensantes, tão analíticas. Na nossa atitude do dia a dia, achamos que somos imbatíveis, que podemos fazer as coisas sem pensar nas consequências. Por diversos momentos nos sentimos super heróis, que nada vai nos afetar, mas pior do que algo concreto é quando o abstrato mexe conosco. Quando sentimos em nosso âmago a dor do "fato ocorrido", a dor que deixou marcas em nós e que nunca vai sair de nossa mente, de nós mesmos. Estamos longe de sermos Piaf, que quando recebeu a música Non Je ne regrette rien (Não, eu não me arrependo de nada), disse que havia sido feita para ela. Sendo talvez prepotente, ela estava cheia de si e encarou essa música no final de sua vida, com a certeza que tudo que tinha feito, havia de ser feito, sem mudanças, sem alterações e que se voltasse no tempo faria tudo da mesma maneira. Mas como alguém pode chegar ao fim da vida e pensar assim. Piaf nos dê sua dica... Como um fã assíduo dela, posso dizer que achava que ela ia além do ser, que tinha uma alma menos humana, mais divina e com isso o arrependimento ficava pela estrada, afinal, tal sentimento é apenas para seres de carne e osso como nós mesmo. Mas até seu lado humano foi tomado por algo divino. E nós, como ficamos Edith? E nós, como ficamos Deus?
Escolhemos ser assim, escolhemos pensar, afinal, pra que pensamos se muitas vezes não chegamos a conclusão nenhuma. Pra que nos corroemos pensando no que já fizemos, se no final de tudo não podemos mudar nada mais.
Arrependimento?! É o maior sofrimento em vão.

Título: Canção sonorizada pela francesa Edith Piaf
11 janeiro 2010

...

Olhe pela janela e veja a vida que passou por esse ano que finalizou. Quanta coisa ficou pra trás, mas fique feliz, porque muita coisa não foi boa mesmo, mas não se esqueça do que foi raro e inesquecível, porque o ruim nunca pode ser péssimo, mas o bom, devemos transformá-lo sempre no melhor. O que foi feito de mim nesse ano?! Não sei... Olhando pra trás vejo rastros de coisas que vão ficar na minha mente. Eu que reclamei tanto da minha rotina, dos meus dias entediados na internet e das horas perdidas diante da TV, vejo que as coisas eram bem melhores quando era assim. As mudanças que eu tanto esperei ocorreram, não da maneira que eu esperava, mas da maneira que Deus desejava. E que o meu destino traçava. Eu tive uma das maiores perdar que o ser humano pode ter nesse ano. E assim, com essa perda fecharam-se as cortinas pra mim na minha cidade, dessa maneira trágica, fui embora. Deixei minha família, amigos e resolvi que lá fora seria minha casa. E também decidi que não voltaria, independente do que acontecesse, eu só seguiria em frente, pelas pessoas que eu tinha deixado pra trás. Ainda lembro do cheio e da imagem da chegada no lugar até então desconhecido, mas que logo eu chamaria de casa. As coisas por lá aconteceram muito rápido e ao mesmo tempo demoraram uma eternidade. Eu senti falta das coisas simples daqui, coisas que quem vai embora pra longe sabe que fazem falta. Coisas e pessoas. Eu achava que sabia o que eu precisava pra viver, mas só descobri nesse meio tempo. Como o ser humano é engraçado né, só dá valor as coisas quando perde e comigo não foi diferente. Se eu chorei?! Sim, nesse caminho eu chorei, eu ri, e eu mais do que tudo vivi, de uma maneira como não tinha vivido antes. Fiz amigos?! Sim, e vão ficar pra sempre na minha mente, porque me apoiei neles, me deram a segurança que eu tanto precisava e encheram meus dias de momentos felizes. E com tão pouco tempo de duração eu consigo sentir saudades deles, é porque são essenciais pra mim. Lembro de quando minha amiga me perguntou se eu era mais amigo de alguém de lá, do que da minha própria cidade. A questão não é ser mais ou menos, mas é ser. É ser amigo na medida necessária, ser o amigo pra quando o outro precisa. Não fazemos troca na vida, apenas devemos acrescentar. Acrescentar pessoas que consideramos interessantes, acrescentar conhecimentos e novas experiências, mas só as que você se permitir, acrecentar minutos a mais pra você, só pra você, porque essa vida ainda te pertence e vai pertencer até o final. Não viva pelos outros. Ame, mas na quantidade ideal, nem mais ao ponto de amar mais a pessoa do que a você mesmo, nem menos ao ponto de duvidar se aquilo é amor. Um grande amor?!Não, eu não vivi nenhum ainda. Talvez eu nem saiba o que seja isso. Talvez eu só vá saber no final da vida, quando eu olhar pra trás e ver os amores que ficaram e eu não vi, ou os que eu vi, mas naquela hora não tiveram valor pra mim. Somos assim né? Não olhamos pro nosso presente com os mesmo olhos esperançosos dos olhos do futuro, nem com os olhos saudosistas dos olhos com que vemos o passado. E por mais que acordemos um dia e pensemos, vamos viver o hoje, e não pensar no que já foi, nem fazer planos pro que vai vir, por mais que decidamos fazer isso, não vamos conseguir. O instinto é maior do que nossas próprias vontades. Agimos sem pensar e pensamos sem agir. Quantas vezes não ficamos só na vontade, por medo, por receio se vai dar certo ou não. Às vezes é o melhor mesmo, melhor ficarmos no nosso canto e vermos a vida acontecer na nossa frente. E quando for nossa hora, algo deve nos mover daquele lugar e nos colocar na roda da vida, nos colocar no que foi feito pra nós. Mas saiba que mudar o destino muitas vezes não faz mal a ninguém. O máximo que pode acontecer é não acontecer. Não acontecer o que queriamos, não acontecer do jeito que queriamos. Mas por isso não, voltamos no começo e tentamos de novo. Eu só descobri isso agora. E assim perdi tantas tentativas lá atrás e cá estou eu lamentando o passado, fazendo planos pro futuro e apenas "vivendo" o presente. Mas acho que eu passei a saber realmente a definição da palavra VIVER, não pelos riscos que corro que antes eu tinha tanto medo, mas por valorizar olhares, encontros, conversar e gestos que antes nem me faziam parar pra analisar e hoje conseguem mudar meu modo de ver as coisas e o mundo.