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17 agosto 2015

Por um mundo menos morno

Já percebeu como muitas vezes nos sentimos satisfeitos com coisas “mais ou menos” em nossas vidas? Se seus amigos não são os melhores, tudo bem, ao menos tem alguém pra chamar de amigo. Se seu caso, flerte, namoro - ou o que quer que seja – está morno, tudo bem, ao menos não está sozinho (a). Mas até que ponto vale a pena insistir no “mais ou menos”? Porque achamos tão difícil querermos o melhor. E quando digo “melhor” não estou falando do homem mais bonito, nem da garota mais popular, estou falando do que nos faz bem. Muitas vezes, somos bombardeados por críticas, até mesmo de nossos amigos, que insistem em achar que sabem o que é melhor pra gente. Ok, eles até têm uma noção, mas a única pessoa que sabe ao certo o que é realmente bom somos nós mesmos. Se não sabemos que tipo de pessoas gostaríamos de namorar, que tipo de amigos gostaríamos de ter, está na hora de refletirmos mais sobre nossa existência nesse mundinho.
Eu sempre fui desses que cultivou o “mais ou menos” na vida. Se eu estava com alguém que não achava bonito pensava logo que valia a pena somente por estar com alguém. Sempre insisti em amizades furadas, que mesmo que eu via que no fundo éramos no máximo ex-colegas, eu apostava minhas fichas na pessoa e a chamava fácil de amigo. Acho que precisei envelhecer, crescer ou o que quer que seja pra ver que essas duas coisas são muito mais complexas. Hoje penso duas vezes em chamar alguém de amor ou amigo.
E aos poucos fui melhorando também minha autoestima e vendo que eu mereço o melhor, mas o melhor pra mim, independente do que digam ou do que pensem a meu respeito. E mais do que amigos e amores, eu busco o melhor pra minha vida. Hoje num me contento mais se perdi 10 quilos, eu quero é perder mais 10, eu quero e posso chegar ao corpo que eu sempre almejei.
Por isso, eu acredito que acima de tudo você deva parar de ter dó de si mesmo e exigir sempre mais, para que consiga sempre o melhor. Porque se contentar com um cara que te liga uma vez na semana se pode ter um que te mande mensagem a cada meia hora? Porque insistir em algo que começou errado. Afinal, tudo que começa errado tende a terminar pior ainda; se os grandes amores têm finais trágicos, o que te faz crer que aquele carinha que te manda mensagens só aos domingos será seu amor eterno? Porque chamar de amigo qualquer pessoa que você encontra pela rua ou que vai com você em qualquer balada? Amigo é mais, e não precisam ser muitos, se couber nos dedos de uma mão, fique feliz. O amigo de fato vai te procurar naquele dia mais banal, te chamar pra bater papo na padaria da esquina, ou vai se contentar de beber em casa, só vocês dois, porque o que vale é a companhia.

Bom, minha dica pra hoje é que você lute por coisas de fato boas, não se contente com o que “serve”. Porque o comodismo nos leva a crer que a satisfação está no fato de apenas conseguirmos, mas não nos deixa ver que conquistar é muito melhor e que a estrada, independente de quão longa seja, pode ser mais bonita no final do que no meio. 
03 junho 2015

O dia em que não consideraram justa toda forma de amor...

Para acompanhar o texto, vale a pena ouvir essa versão de "Toda forma de amor": 


Felizmente, vivemos numa sociedade onde nossos gostos são aceitos, onde podemos pensar o que quisermos. Porém, o fato de gostarmos de algo não faz com que as coisas saiam do jeito que queremos. Exemplo: se eu gostar do azul, não significa que as casas, os animais, as plantas etc, serão todos azuis. E a beleza está justamente nisso, nas diferenças, que fazem com que cada coisa assuma sua forma.
Você deve estar se perguntando o porquê de eu estar falando disso. Simples: o comercial do Boticário. Essa semana a propaganda da loja de perfumes ganhou as redes sociais, mas por um motivo bem esdrúxulo. Para quem não viu, se trata de um comercial onde namorados trocam presentes. A “problemática” está no fato de aparecerem casais homossexuais, causando a revolta da população mais “tradicionalista”, por ser considerada uma afronta à tal família brasileira.
Eu nunca fui de levantar a bandeira GLS, e nem mesmo de expor minha opinião sobre algo tão banal, que pra mim deveria fazer parte do nosso cotidiano normalmente. Mas me incomodou a reação das pessoas, pelo simples fato de que se você não gostou de algo, aceite. Como eu disse acima, o fato de você ser heterossexual e detestar os gays não vai fazer com que eles sumam do mundo. Você fazer parte de uma família tradicional não te torna melhor que os gays, porque eles também vieram dessa mesma “família padrão”. Resumindo, pedir para as pessoas não assistirem ao comercial - que em nenhum momento foi apelativo ou vulgar -, não vai trazer uma espaçonave enorme para levar desse planetinha todos os “viados e sapatões”.
E eu lhe pergunto: o que te incomoda tanto? Seus filhos assistirem dois homens e duas mulheres se abraçando? Eu não sei se já te falaram, mas ver um casal gay não te torna mais ou menos gay, porque se nasce assim. Ou você acredita mesmo que se houvesse a possibilidade de escolha ao nascermos, alguém iria querer ser gay? Não, porque a cada dia todos os homossexuais têm de enfrentar um mar de opinião divergente, de comentários que se dizem antipreconceito, mas trazem uma bagagem enorme de ojeriza a todos que resolvem não esconder do mundo sua sexualidade. Ninguém escolheria ter de enfrentar um exército de pessoas que acreditam que sua forma de amor é grotesca e pecaminosa.  

Doendo mais ou menos, o fato é que os homossexuais ganharam espaço e que continuem ganhando, bem como os negros, as mulheres e toda a minoria que a cada dia sai às ruas, não só pra viver mais um dia, mas pra vencer mais uma batalha. Porque gente contra, sempre há de ter, você fazendo parte dessa minoria ou não, o que importa é a maneira como você vai se guiar em meio a essa multidão. Se quiser beijar na rua, beije. Porque eu posso não gostar disso, mas o meu gosto não vai fazer com que você beije menos em público. O que me cabe é apenas aceitar, porque eu tenho gostos estranhos e muitos me aceitaram. E dessa forma esperamos que seja o mundo, com mais aceitação, compreensão e entendimento de que ninguém é como a gente. Apesar dos gays serem gays, eles não todos estereotipados, nem todos se vestem como mulher, nem todos são maquiadores ou cabeleireiros. Porque antes mesmo dos homossexuais serem homossexuais, eles já eram seres humanos. Tente considerar mais justa toda forma de amor, que as coisas parecerão menos pesadas para você. 
15 abril 2015

O dia em que o Tinder mudou minha vida


Não, nem pense que esse texto relata o dia em que encontrei o amor da minha vida via aplicativo de celular. Estou muito longe disso, mas já que eu chego no porquê de dizer isso com tanta convicção. Bem, há meses, quando me mudei pra São Paulo, vi um leque de opções que me deixava inebriado, sentia que podia ter alguém pelos próximos 365 dias daquele ano. E realmente as coisas foram acontecendo! Bom, dado um tempo, eu comecei a perceber que já não tinha mais a mesma graça e passei a ser seletivo. Hoje, num me encontro nem com um terço dos que converso e fico online metade do tempo que ficava antes.

Então, eu parei e percebi que hoje estou mais certo de quem eu sou. Hoje estou mais confiante, sei o tamanho dos passos que posso dar. Sei falar não e descobri que existe vida além do like. E que um match bem dado vale mais do que mil combinações. Mas não estou aqui para dar uma aula de Tinder, e sim pra dizer o motivo pelo qual agradeço tanto esse aplicativo de “foguinho”.

Nunca fui muito autoconfiante, nunca tive a autoestima lá em cima. E preferia agarrar com unhas qualquer oportunidade a perder a chance de “ficar com alguém”. Dias atrás falei “não” com tanta convicção que me assustei. Afinal, porque eu tenho que estar disponível sempre, porque eu tenho que achar que qualquer ser que ande sobre duas patas possa ser digno de sair comigo. Porque eu tenho que estar saindo com alguém para ser feliz?! A bem da verdade, essa última parte está ligada aquilo que nos é imposto, relembrando Vinícius: “É impossível ser feliz sozinho”. Quem disse Vini? As coisas nos anos 2000 são bem diferentes, rs.

Em suma, digo meu muito obrigado ao Tinder que me mostrou um Patrick mais confiante, que prefere assistir a um filme ruim na TV (sozinho) do que ter um encontro razoável. Obrigado por mostrar quanta gente podre existe no mundo e enxergar que por pior que eu achasse que eu fosse, eu sou ainda uma pessoa com sentimentos. Obrigado por me fazer ver que eu posso deletar, bloquear e que meu mundo não vai acabar. Enfim, obrigado por mostrar que sou muito mais do que eu achava que era.