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05 agosto 2010

Mariana (Parte I) - Vamos acordar, hoje tem um sol diferente no céu, gargalhando no seu carrossel...

Ontem fez exatamente um ano que eu conhecia a primeira capital de Minas Gerais, e começava a chamar aquela cidade de meu novo lar. Tecnicamente falando, eu podia dizer que essa cidade histórica está localizada na zona central do estado a alguns minutos de Ouro Preto, e abriga em torno de 70 mil habitantes, sendo uma quantia desses estudantes universitários. Mas pra mim ela tem um peso maior. Nela eu começei a construir um novo mundo além daquele que eu estava acostumado no sul de Minas. Ali, eu era obrigado a conviver com as pessoas que talvez não me agradasse tanto. E se em algumas horas era difícil pra eu ficar lá, só me cabia a dor das lágrimas silenciosas, pelo simples fato de que eu tinha escolhido morar naquele lugar. Mas entre reclamações, choro e afins, eu consegui me encontram em meio ao relevo inabitado pelos meus olhos até aquele momento. Fiz amizades verdadeiras, que com certeza vão ficar pra vida toda. E esses amigos se firmaram em meu ser tão intensamente por causa da condição que nos foi dada naquela situação em que nos encontravamos. Éramos só nós, uns para os outros. Ali, eles serviam de pai, mãe, irmão, amigos mesmo, enfim, foram e são nossas bases por longos oito meses de convívio diário durante o ano. Além dos amigos, conheci pessoas e sentimentos especiais lá... Hoje não sei como seria minha vida se me tirasse essa pequena alegria de morar em Mariana. Dos rocks com os batidões (bolados, às vezes), de "coxambrar" nas aulas, de ficar nas repúblicas até tarde da noite e porque não, dormir por lá mesmo; dos sambas alternativos, das roupas hippies 2000 dos estudantes do ICHS; dos cigarros, alcools e outros tóxicos que nos fazem tão mal, mas que marcam a vida de um universitário, ainda mais da área de humanas. Enfim, o tempo passou e ontem completou um ano que eu colocava meus pés na Praça Minas Gerais e começava a acrescentar mais valor ao meu coração de estudante...

Brasópolis (Parte II) - Vamos começar colocando um ponto final, pelo menos já é um sinal de que tudo na vida tem fim...

Ontem fez exatamente um ano que eu saia dessa cidade que me acolheu por longos vinte anos. Brasópolis. Geograficamente falando, eu poderia dizer que esta é uma cidade com aproximandamente 15 mil habitantes, localizada na Serra da Mantiqueira, no sul do estade de Minas Gerais. Situada a apenas algumas horas das três maiores capitais do país (São Paulo - Rio de Janeiro e Belo Horizonte). Bom, pode existir essa e outras qualidades sobre essa cidadezinha, mas pra mim ela é importante pela bagagem que agrega em minha vida. Nela construi amizades intensas, mesmo que passageiras. Minha família ainda permanece nela. E por fim, mas não menos importante, me remete a lembranças que com certeza o tempo não vai apagar. Ontem, me peguei pensando nos acontecimentos de infância ao dialogar com uma amiga de anos. E são tantas histórias, boas ou ruins, mas que me concretizaram. Desde coisas simples, como as conversas bobas que tinhamos ao ir embora do colégio, até horas de conversas complicadas de casos mal resolvidos. Em Brasópolis eu fui a criança mais feliz que eu podia ser. E passei por problemas tão inexplicáveis que jamais havia passado pela minha mente acontecer comigo. Tristezas e alegrias a parte, hoje, morando à duras 10 horas dessa cidadezinha, eu posso olhar pra trás e dizer que sinto saudades. Saudades de quando eu ia na casa dos amigos 'jogar conversa fora', dos passeios ao Santo Cruzeiro, às roças, dos domingos na casa da vó ou com sorvete na praça, das horas gastas na locadora, porque eu nunca queria assistir os filmes que os meus amigos queriam. Enfim, sinto falta de tanta coisa que ficou pra trás e como disse uma amiga, não voltam mais. Só me coube a dor da ausência. Ainda gosto de Brasópolis, mas nesse inverno o gelo maior foi dentro de mim, por não conhecer mais o mundo que me abrigava tão bem e hoje se torna estranho a meu ver. 
Há um ano atrás eu deixava Brasópolis e começava a conhecer o mundo...