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28 agosto 2012

Escolhas.




Tá bom, sofro do mal do libriano: indecisão. Mas acho que na vida, chega uma hora em que devemos fazer nossas escolhas. Hoje fico feliz de olhar pra trás e ver quanta coisa eu já consegui escolher. E acho que o mais duro de tudo é ter de deixar pela estrada certas 'coisas', afinal as escolhas culminam sempre em preterir de algo em favor de outro. E nem sempre fazemos isso da melhor maneira, ou da mais correta. Eu, por muitas vezes, já quis voltar no tempo só pra ter o prazer de optar pelo que rejeitei. Mas como não temos o botão REW na vida, vamos em frente. Aliás, essa ideia do 'e se...' sempre soa bem aos nossos ouvidos, e como seria bom se pudéssemos colocá-la em prática. Seria como se fizéssemos 'test drive' na vida. Afinal, né gente, tudo posto na vida se torna prazeroso. Quem nunca sonhou com um PAUSE, STOP, REPLAY, DELETE (ou ESC mesmo)? Todos. E acho que todos cabem muito bem no quesito 'escolhas'.  
Acredito que consegui driblar meus medos de decisões e fiz escolhas bem severas. E mesmo quando todos me disseram que eu não seria nada fazendo bacharelado, eu larguei a licenciatura e fui fazer o que eu achava que podia, ao menos, me deixar feliz. Eu sou feliz dessa maneira. E porque as pessoas muitas vezes não conseguem tomar decisões que podem mudar suas vidas, mas que não as deixarão ali, estagnadas. 
Aos 23 anos ainda estou me descobrindo, mas sei bem dar valor às escolhas que fiz. Escolhi as letras, mesmo todos me dizendo que humanas não me levaria à nada. Escolhi que vou ser escritor, mesmo todos acreditando que a única possibilidade de quem forma em Letras é ser professor. Escolhi amar, mesmo quando todos me disseram que 'aquela pessoa' não prestava. Escolhi ir embora, mesmo quando senti que era o momento que minha mãe mais precisava de mim. Escolhi chorar aos domingos, beber às sextas e sábados, odiar as segundas, ver filmes às quartas, acordar cedo pra prender sintaxe às quintas (Não sei se isso foi bem uma escolha). E já que aquele amor ali não deu certo, escolhi ser amigo, mesmo que às vezes não pareça. 
Entre perdas e ganhos, as decisões na vida te trazem aprimoramento para muita forma de relacionamento, e te fazem ver melhor a vida. Eu não escolhi criar um blog de auto-ajuda, eu escolhi criar um blog pra falar de emoção, de alegrias e tristezas, pra falar da vida. Me veja dessa maneira! 
22 agosto 2012

A felicidade e a batata-frita.


No auge dos 23 anos, me descobri hipocondríaco. Tá, eu já suspeitava disso, mas chega uma hora que você começa a surtar (Tô nessa fase). Daí eu me peguei mudando minha alimentação, colocando uma corridinha no meio da minha rotina (de ócio) e assistindo a programas sobre saúde. Ainda não sei se é um medo de algo muito ou pouco provável, só sei que quero é viver muito mais. E nessa trajetória toda, me vi perdido num mundo de anti-histamínicos, antibióticos, anti-inflamatórios e todos os antis do mundo que te protegem contra todas as possíveis doenças. Me senti de novo aquela criança com medo de tudo e de todos, que não punha os pés no chão pra não pisar num caco de vidro. Qual é o problema  em uma criança pisar no vidro? Tá, essa comparação serviria pra mim se eu não fosse neurótico e não sofresse de doença psicossomática. 
Me sentia como Alice, só que ao invés do país das maravilhas, me vi no país das drogas. Entre remédios e mais remédios, me vi entrando numa 'possível' dieta. E pela primeira vez na vida, ingeri legumes que eu nunca tinha ouvido falar. E nesse momento, a tal batata-frita foi deixada de lado, como uma roupa que não lhe serve mais. Tá, foi bom pra me provar que a vida existe além de uma batatinha, e que a felicidade ainda é possível. 
Metaforizando esse evento, lhe digo que talvez muita coisa que consideramos boa na vida, só nos faça mal. E sempre achamos que não é possível deixá-las de lado, só que eu vos digo que é possível sim. Depois de um tempo, aquela coisa se torna, pra você também, a tal 'porcaria' que todos lhe diziam. E mesmo que demore muito pra se acostumar sem a tal 'coisa', te dou a certeza de que você vai melhorar e ser feliz.  

10 agosto 2012

Sentimental.



Quando me peguei chorando ao assistir o programa 'Encontro', pensei que eu andava muito sentimental.  Bom, chorar na frente da TV pra mim não significa muita coisa, haja vista que chorei durante uma semana no final de 'A Vida da Gente', entre outros momentos clássicos no qual uma cachoeira tomou conta da minha face. A questão é que eu ando mais à flor da pele do que normalmente, e isso me incomoda. 
Às vezes acho que a depressão me venceu, mas penso depois: Quem ela não venceu? No mundo moderno ter depressão é clichê. Talvez porque sempre nos questionamos sobre o que nos tornamos. E sempre buscamos uma felicidade plena, sempre queremos estar com saúde, com ótimos relacionamentos e dinheiro no bolso. Quando nos falta uma dessas coisas, já se torna muito para trazer aquela dor, aquele peso nos ombros. Mas outras vezes, temos tudo isso e ainda assim não nos sentimos bem... Porque? Não sei, não sou psicólogo de mim mesmo, e muito menos do mundo. 
E dessa forma, eu vou tentando driblar meu sentimentalismo pra não afetar o vizinho. Afinal, é chato uma pessoa que só chora, que se emociona com qualquer motivo, que fica feliz por coisas banais. Pode ser que seja o tal do 'agosto', num curto muito esse mês... Ou que seja esse meu ócio que, realmente, não me faz bem.... Bom, caro leitor, hoje foi mais uma desabafo. Não acrescentei nada a você, e muito menos a mim... Foi só pelo simples prazer de escrever o que eu estou sentindo... 
08 agosto 2012

Quando eu crescer...



A gente sempre se questiona: O que eu vou ser quando eu crescer? E raras vezes chegamos à uma conclusão. Na realidade acho que nunca chegamos. Sempre nos perguntamos esperando encontrar a profissão ideal, onde eu vou conciliar o tempo do emprego com o horas de lazer, e ao mesmo tempo estarei satisfeito financeiramente. Mas isso é possível?! Não creio. Assim, atingiríamos a perfeição e o bom da vida são os obstáculos. Só que muitas vezes não questionamos quem nos tornaríamos como pessoas. Seremos melhores no futuro, ou mais despreocupados (ainda) com os outros? Seremos felizes sempre ou choraremos sem medo? Seremos mais amigos, mais parceiros ou mais individualistas? 
Esse tipo de coisa nunca perguntamos à nós mesmos. Talvez porque para o ser humano o 'ser' está mais relacionado com o 'ter', com as aparências. É melhor sabermos se teremos o carro do ano, se viajaremos para os lugares desejados do que saber se seremos pessoas melhores. 
Já que perguntar isso pra você mesmo é algo tão complexo, que tal viver à sua maneira, independente da idade?! Claro  que eu não concordo plenamente com essa teoria, mas se te faz bem, não ligue pro que eu considero certo ou errado. Afinal, quem vai viver a sua vida é somente você. E se eu te julgar por sair por aí bêbado (a) aos 30 anos é porque eu estou mal passado demais pra compreender sua jovialidade. Então, esse tal 'crescer' fica preso apenas à nossa mente e aos julgamentos de nossos amigos. E se eu me considero velho demais pra muita coisa, só lhes digo, caros leitores, se permitam... Até você crescer (por inteiro) se permita amar mais de uma vez... Se permita chorar vendo novela e sorrir de piadas idiotas... Se permita ter sempre 20 e poucos anos... Se permita beber demais e não ter consciência de seus atos... Se permita ser feliz antes de tudo... Só assim, você estará pronto pra crescer... 
07 agosto 2012

Feriado.



Peraí, não vou falar sobre São Caetano, motivo desse feriado tão 'inusitado' na cidadezinha de luz. Acho que não sou um católico praticante tão bom assim pra falar sobre religião. Acontece que já estou nessa vibe de 'whatever' para feriados e finais-de-semana faz tempo, só que hoje eu fiquei mais saturado do que o normal. Caro leitor, se você tem uma vida social acontecendo, parabéns! Porque acho que a minha está atrofiada há tempos. Me deparei com um nada pra fazer contínuo, sem fim. E pensei: Vamos mudar essa situação? Mas quem disse que deu certo! Os planos, falharam. E eu continuo aqui, diante do computador, com as nádegas oscilando entre a cadeira do pc e o sofá diante da TV. Ah, o ócio! 
E sabe o que é pior?! É perder o tesão nas noites de sexta ou tardes de sábado. Perder aquela vontade louca de um feriado prolongado onde eu possa achar graça em dormir ou ver TV. Dessa maneira, eu me sinto esvaindo junto com minhas vontades e alegrias. Não, meu amigo, não estou com depressão. Eu ainda sou feliz, gosto da minha vida e não posso o dia todo na cama (Minha leiga opinião sobre depressão.). Só que eu acho que eu precisava de mais estímulos, de novidades. No fundo, achei que a greve ia me fazer bem, e fez. Por algumas semanas eu estava satisfeito com a 'pausa' nos estudos, com um tempo para deglutir meu fracasso diante da sintaxe. Mas hoje já me questiono novamente: A greve está te fazendo bem? Não sei! 
Junto com esse questionamento, vem a ideia de que tudo vai voltar ao que era antes, e vem o medo da sintaxe, e a saudade de casa. Sabe, essa indecisão eterna do libriano?! Então... E no final, eu chego na mesma situação: Ir embora ou permanecer no mesmo lugar? Acho que pelo tanto de interrogação que eu usei no texto, dá pra perceber como ando em dúvida ultimamente. E talvez esse feriado só tenha me servido pra colocar à tona tudo que eu já pensava à respeito dessa perda de apetite e desse 'ir e vir' da vida. 
04 agosto 2012

Mochila nas costas.



Tentar falar de três anos em algumas linhas é uma grande responsabilidade, e eu sinto que estou incapacitado disso. Mas eu vou me arriscar nesse emaranhado e tentar refletir as perdas e ganhos nesses três anos que fizeram da minha vida algo totalmente novo! 
Eu botei meus pés naquele chão jamais sentido por mim, e com malas e mais malas, eu busquei novos ares. E num curto espaço de tempo eu conquistei tanta coisa, como amigos que eu pretendo levar para a vida inteira. E aprendi muitas coisas que vão além de fazer arroz, como por exemplo, amar. E eu chorei, descontroladamente, por medo e saudade. E as lágrimas também me impulsionaram nessa jornada, e não me deixaram desistir. 
Nas amizades achei a base para muitas das minhas jornadas. E foram caipirinhas, abraços e sorrisos. Foram músicas bregas ao redor da mesa, danças esdrúxulas (que não deveriam ser levadas a sério). Também foram brigas sérias, noites de insônia por remorso. Mas acima de tudo, foram as descobertas. Descoberta de que existem pessoas tão boas perdidas por aí, e que não é porque elas não me conheciam desde pequeno, que elas não poderiam ser minhas melhores amigas. Então, deixo minha gratidão à todos esses 'novatos' que me aceitaram da forma que eu era, que aceitaram minhas manhas e chatices, e que fizeram das minhas horas em Mariana, momentos mais felizes!
Mas se eles me deram a força pra continuar lá, eu também precisava da raiz forte pra me segurar às origens. E durante esse tempo, não posso deixar de lembrar dos velhos amigos que sempre permaneceram do meu lado, mesmo quando eu não mandava recados ou mensagens. Mas sempre que eu resolvia voltar pra casa, eles continuavam ali, de braços abertos. E se com alguns aumentei meu vínculo e com outros eu o perdi totalmente, foi porque o movimento da vida quis assim. 
Por fim, posso dizer que esses anos me fizeram aprender quem eu sou. Me fizeram descobrir do que eu realmente gostava, e melhor, aceitar o gosto dos outros, ver que não existem vários 'Patricks' por aí, cada um é cada um. E eu vivi sim, uma vida de estudante, horas utópicas como eu sempre quis, horas reais, como eu jamais esperava. E te confesso, por mais reclamações que eu tenha feito ao longo dessa trajetória, eu amo o simples fato de botar a mochila nos ombros e atravessar ruas de paralelepípedo com casas 'velhas' para ouvir histórias de amor e dor, e tentar entender um pouco da linguagem da vida.  
03 agosto 2012

Dedo de Deus.



Sabe quando você se pega querendo mudar a vida de todos à sua volta? Então, estou vivendo essa fase na vida. Achando que minha vida seria mais fácil se fosse a de outrem, ou simplesmente me adequando à teoria do 'se eu fosse você', mas levando ao pé da letra. Eu sei que está totalmente errado querer mudar o mundo. Poxa, não sou Deus pra conseguir esse feito! Mas me fala se você nunca se pegou pensando: Porque fulano reclama tanto de algo, se esse fosse meio maior problema eu já teria resolvido!  Pois é, os nossos problemas sempre são maiores, e a grama do vizinho sempre é mais bem cuidada. A realidade é bem diferente. Por mais que eu ache que as atitudes dos meu amigos sempre me contrariem, no fundo eu sei que tenho que aceitá-las, porque esse é meu papel. Porém, é tão difícil encarar o 'defeito' dos outros sem dar uma palpite se quer. Talvez essa minha prepotência, essa minha mania de me achar melhor e mais correto do que todos me façam tanto mal. Me faça ser uma pessoa pouco tolerante, que aceita pouco dos outros, e quando se trata de algo que me contrarie, eu ache melhor virar a cara e fingir que não é comigo. Vai ver que no fundo seja uma dificuldade em lidar com o que não está de acordo comigo, em lidar com pessoas que não façam o que eu quero. Mimo? Sim, não vou discordar. Só que no fundo eu ainda creio que eu tenha muita razão. Então, qual a dificuldade das pessoas em agirem de forma coerente?! Quer saber, no fundo essa minha discussão é em vão, porque eu nunca vou achar que as pessoas sejam tão incompreendidas com elas pregam e porque eu nunca vou conseguir mudar a forma delas pensarem. Pois se até Deus não usa de sua magnificência para com o ser humano, dando lhes o livre arbítrio. Logo, quem sou eu para discutir e tentar fazer com elas enxerguem o que eu consigo ver sozinho?! A realidade é clichê mesmo, e devemos aceitar nossos amigos do jeito que são. E talvez, quando sentirmos que o abismo só cresce entre nós, acenar de longe com as mãos como uma forma de ao menos ter tempo para uma pequena e sutil despedida! 
02 agosto 2012

Pai.



Há três anos minha vida mudava radicalmente, em meio às malas para eu ir embora pra Mariana eu tive que enfrentar uma das maiores dores da minha vida:  a perda de meu pai. E hoje quando olho pra trás, não sinto que tenha passado tanto tempo. A imagem dele ainda parece presente, sua risada ou suas broncas. Mas acho que a vida é assim mesmo, devemos nos acostumar com as perdas, mesmo que elas sejam mais presentes do que imaginávamos que seriam. 
Talvez a dor maior em mim tenha sido pela maneira como ele foi tirado de mim. Sem ter tempo pra falar pra ele do seu real valor ou mesmo sem demonstrar pra ele o quanto ele era importante pra mim. Não digo que eu tenha sido um péssimo filho e nem estou dizendo que morro de remorso por algo que eu tenha feito, acho que é mais uma coisa de não ter podido falar um 'até logo'. 
Eu tentei por vezes ser frio (como na maioria das vezes eu fui) e enxergar as coisas como algo que deveria ser vivido, e na realidade foi isso mesmo. Eu tinha que passar por aquela perda, pra quem sabe passar a valorizar mais as coisas, quem sabe poder dizer mais pra pessoas o quanto elas são importantes pra mim. Claro, que se eu pudesse mudar as coisas, não diria que essa perda seria necessária, eu faria algo por mim mesmo, com meu pai do meu lado. Mas por vezes, só sabemos questionar o que nos foi imposto. Eu acredito que Deus não te dá um peso maior que do que força que consegue aguentar. E comigo não foi diferente. Aos 20 anos, eu aprendi realmente o que é viver, o que é sofrer, o que é chorar e o que é precisar de colo. Tarde ou cedo demais? Não sei. Mas a dor foi grande demais e as consequências drásticas também. E se depois da sua morte eu chorei pouco, foi porque no fundo eu sentia que ele sempre estava me dando um empurrão e dizendo: Vá viver, vá crescer! E nesses anos que se passaram eu posso dizer que se não me senti sozinho por inteiro, é porque muitas vezes senti meu pai junto de mim. 

Pai, sinto saudades, mas no fundo sei que tudo está bem com você!