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10 outubro 2011

What about life?

A gente nasce e como quem não quer nada, vai crescendo e crescendo. E depois de aprender a andar, a comer, e falar, tentamos, com nosso pouco conhecimento começar a viver... 
Aos 10 anos não sabemos nem quem somos, nem o que ainda queremos... Só sabemos que brincar já está se tornando uma coisa de 'criança', mas mesmo assim, escondido [ou não] ainda pegamos aqueles brinquedos velhos para, mesmo sem perceber, tentar resgatar um pouco daquele tempo bom de 'criança'...
Aos 17, queremos sair loucamente pro mundo e fazer o que nos der na telha... Tá bom, daí tudo se resume a liberdade ou rompimento de regras, mesmo que as regras sejam para o nosso bem... Nossa casa parece não nos caber mais e o que mais temos vontade é de sair com uma mochila nas costas e o mundo nos pés...
Aos 23 temos medo, e talvez um pouco de frustração... Afinal, o que nos tornamos?! Era realmente isso que eu queria que eu fosse há 5 anos?! Talvez sim, talvez não... E pode ser que nessa idade você perceba que seus pais não querem te controlar, só cuidar de você, mesmo de longe...
Daqui pra frente, são apenas expectativas e observações, pois meus números param por aí... 
Aos 30 você tem a certeza que sua casa era o melhor lugar do mundo [mesmo que seja tarde pra ver isso] e você resolve fazer aquela visita inesperada aos seus pais... E descobre que ficar sentado à mesa, olhando a vida da família acontecer é mais prazeroso que passar noites intermináveis em baladas
Aos 40, talvez você já seja pai ou mãe, marido ou mulher... Talvez [nessa nossa sociedade moderna] esteja se casando ou se casando de novo, talvez esteja se divorciando... Talvez esteja vivendo o primeiro amor, afinal a vida começa aos quarenta, não?!
Aos 50 e poucos, aquele medo que eu falei dos vinte e três se tornam mais reais [e mais dolorosos] porque aqueles que te embalavam no colo talvez estejam agora se esvaindo pelos dedos... E os minutos que lhes restam talvez seja em uma cama, e nessa hora eu digo pra você largar tudo e permanecer em inércia ao lado deles, porque quando a situação era inversa, eles não pensaram duas vezes se isso seria o melhor... E talvez, depois disso tudo você ainda sinta a maior dor que qualquer ser humano pode sentir... A despedida...
Aos 65 você pode ter se aposentado, pode estar morando na praia ou nas montanhas... E seus filhos já  começarão a ter filhos, e você receberá o título de avô ou avó... E terá de fazer doces, contar piadas e brincar [mesmo que a dor na coluna seja insuportável]... E um dia quem sabe, seus netos lhe dirão que você é mais legal que os pais deles, porque não cabe mais a você as broncas... Isso é papel dos pais, poxa...
Aos 80 sua vida vai ficando mais monótona ou não... A expectativa de vida aumentou, então anime... Você ainda poderá estar praticando esportes e vendo seus netos entrarem na faculdade... E tudo vai bem, obrigado... 
Aos 90 e poucos... As coisas vão ficando mais transparentes e o movimento de tudo parece ser mais rápido... E talvez nessa hora você pense: O que foi feito de mim, meu Deus? Mas talvez tenha chegado a hora de não mais olhar pro futuro sempre incerto, mas sim olhar pra trás e ver quanta coisa boa você deixou pelo caminho... 
E nessa hora seu filho vai estar do seu lado, cuidando de cada esquecimento seu, de cada lágrima que você derramar por não saber para onde está indo... E talvez seja só nessa hora que você vai sentir que tudo que você viveu valeu a pena, porque só quando perdemos algo sabemos o quão importante ela foi pra gente... 

Eu não sei nada da vida, e muito menos do que será feito de mim daqui pra frente... Eu sei que voltar pro começo é algo impossível, portanto parto daqui pro futuro esperando chegar aos 90 e sentir o prazer de olhar pra trás e ver que eu soube viver a vida do jeito que ela merecia ser vivida!!! 

A descoberta da amizade

Sim, eu sei que me encontro naquela fase tão traiçoeira que é a véspera do aniversário e confesso que antes dos 20 anos eu num ligava pra essas coisas, mas de uns tempos pra cá algo mudou aqui dentro e eu fico meio nostálgico, meio sentimental... Enfim, hoje me peguei pensando em como chegou até mim a definição de amizade. Pois é... Chegou em meio ao conturbado pré vestibular, ou para mim um simples ensino médio... Não que tenha surgido, mas acho que os laços foram firmados naquele momento... Ali, eu me deparei com três pessoas que por mais que hoje não seja como antes, continuam guardadas como aquelas lembranças das quais nunca iremos nos desfazer... 
Certa vez eu vi num filme, o protagonista dizer que "nunca mais existiram na minha vida amigos como os de quando eu tinha 12 anos" -- pois bem, eu sei que tenho grandes amigos hoje, que fazem tudo e mais um pouco por mim, e eu faço o mesmo por eles. Mas esses aí estão carimbados no lado esquerdo do peito (eu sei que isso é brega, mas afinal o amor não é brega?!)
E hoje em dia sinto falta das nossas conversas sem nexo, sinto falta das 'tiradas', sinto falta dos abraços, mesmo que às vezes sejam só em pensamentos, sinto falta dos desabafos, mesmo que tardios ou desesperados, mesmo que nem todos tenha desabafado tanto quando esperávamos. Hoje sinto falta de consolar nos términos e nas despedidas, sinto falta de sair a toa pra tirar foto e dessa maneira, meio boba, ser um pouco feliz, esquecendo que tem um mundo inteiro além de nós lá fora. Hoje senti falta de deixar as pessoas com raiva quando a gente expulsava elas das nossas fotos, porque as fotos eram só nossas... Eu sei que eu fui um dos maiores responsáveis pelas mudanças indesejáveis, mas mesmo com tudo que aconteceu, eu sinto que as coisas ainda existem entre nós 4... afinal, tudo muda (até bermuda né, Amanda?!) e mesmo que hoje eu não converse mais com o Duann e mal veja a Natália, acredito que nada vai tirar de nós aquelas lembranças boas de quando estávamos juntos [e não dávamos tanta importância pra isso]... porque eu acho que o maior pesar do ser humano é envelhecer e ver que o que ficou pra trás era bom demais, só que não soubemos aproveitar do jeito certo.
Hoje deu um vontade enorme de dizer pra essas três pessoas que com elas eu descobri o real sentido da palavra amizade e com elas eu fui a pessoa mais feliz do mundo, porque em cada uma eu encontrei o amparo e a felicidade que eu precisava no momento... E se tudo tende a mudar com o movimento do tempo, eu só quero que elas nunca se esqueçam do maior amor do mundo que eu sempre tive por elas... 

Para Amanda que em meio as suas frustrações consegue partilhar de momentos de reflexão plena (mesmo que quase sempre leve-a a pensar algo sobre a morte) e faz dos dias um pouco mais belos
Para Duann que foi a pessoa que em meio à risadas e risadas soube me ouvir e aceitar meu jeito temperamental [demais].
Para Natália que me fez falar mais do que ouvir [ela é de poucas palavras], mas que conseguiu me passar muito do que pensava só pelo olhar... E não me surpreendendo, ela super deu certo na vida... 

Noite Feliz

Não foi assim a noite de ontem... Foi algo indiferente, assim como meu dia. Mas eu senti algo tão profundo, não sei se foi o sono que parecia mais necessário do que das outras vezes por eu estar precisando recarregar minha energia urgentemente. Eu ainda acho que foi por estar em casa. E essa palavra se torna tão doce quando pronunciada sabendo do seu devido valor. Nunca pedi um colo e nem mesmo precisei do ombro da minha mãe pra chorar, talvez porque eu fale pouco sobre o que eu realmente sinto, seja com ela, seja com os amigos. Mas acho que pelo simples fato de ter alguém que olhe por mim... E de certo modo eu tiro das costas o peso das responsabilidades que eu tive que "arrumar" ao partir pra longe do lar. 
Ainda hoje, depois de dois anos e pouco morando longe eu me sinto saciado quando estou em meio a multidão das rodoviárias, ou quando passo horas [desgastantes] no asfalto pra poder chegar em casa... simplesmente pelo fato de chegar. Simplesmente pelo fato de saber que lá eu terei amparo, pelo menos pelo tempo enquanto eu chamar lá de meu lar... E se eu nunca tivesse partido, eu não sentiria a real felicidade de estar de volta!