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10 janeiro 2011

Tragédia

O que esperar daquela noite? Nada. O que esperar daquela vida vazia? Nada.
Sem ninguém pra ligar, ou trocar pequenas doses de palavras, ela resolveu sair. Sozinha. À meia luz. Colocou seu melhor vestido em tom vermelho sangue. Calçou seus sapatos de verniz. Pegou seu maço de cigarro barato e, um tanto quanto perturbada, saiu às ruas. Desnorteada!
O primeiro bar, na boca do lixo, no centro fétido da intransitável São Paulo. Um whisky, dois, três...
E o que mais esperar daquela noite? Nada! Até que algo muda aquela rotina do 'nada' em sua vida. Um homem. Não era bonito, nem feio. Sobrancelhas negras e grossas. Lábios finos e cabelo grosso. Olha penetrante. Não era tão magro, tinha tudo nas medidas possíveis. Com poucas palavras, virou a vida daquela mulher de cabeça pra baixo. E depois de um casual beijo, foram para o quarto do rapaz, ainda desconhecido. Sua janela dava para um letreiro de neon. E da sua janela as luzes de toda a cidade.
Sexo. E entre um toque e outro, sua mão foi de maneira incisiva no pescoço da solitária mulher do vestido vermelho. Depois de matá-la, friamente ele a cortou em pedaços e a distribuiu em sacos plásticos para descatá-los na manhã seguinte. Mas naquele momento ele estava extasiado, precisava sair, fumar. E foi, sem rumo, sem nada na mente ou no corpo. E do alto do Viaduto do Chá, se sentiu cansado de tudo e de todos. Cansou de matar tantas pessoas sem nada em troca. Sua psicopatia tinha acabado, ou era apenas mais um movimento levemente calculado do homem mais metódico que havia transitado a noite paulistana?
Pulou... Em todo o Vale do Anhangabaú, seu grito foi ecoado.   

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