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16 junho 2012

Convencional

Quando eu vi meus amigos gostando de rock contemporâneo e pop moderno ao passo que eu estava curtindo bossa nova, confesso que me achei estranho. A partir dali fui descendo a ladeira do desconhecido e invadindo as casas da estranheza. Percebi que convencional era uma palavra que não combinava comigo. 
Não, eu não sou ousado, atrevido ou coisas do gênero. Só tenho um gosto (meio) peculiar. Só viso um estilo de vida incomum. Amar pra mim sempre soou como algo ficcional demais, é bonito, mas na realidade o amor é tão abstrato que acaba explodindo no ar, como uma bolha de sabão. E não sabemos ao certo se foi verdade ou só mais um elemento de nossa mente necessitada de carinho e afeto. Logo, com esse pensamento acho pouco provável eu encontrar um 'amor eterno', com isso, me vejo no futuro sozinho e acho graça nisso, gosto disso. Mas aí surge um outro problema que mais uma vez foge do convencional, queria ter filhos. Mas como, se a burocracia corrompe os dispostos a se doar para um criança, impedindo um pai solteiro de adotar uma criança. Sendo que no Brasil é enorme o número de crianças em orfanatos. 
Pois bem, esses empecilhos da vida me fizeram ver que é melhor ser comum. É melhor gostar do que todo mundo gosta, mesmo que seja chato, mesmo que seja maçante. E assim me perco no paradoxo de comum x estranho. O que é comum aos meus olhos talvez seja estranho ao dos outros. Mas a definição de CONVENCIONAL é sempre a mesma. E ao mesmo tempo, não existe definição para tal palavra sombria no mundo moderno de diversidades e gostos exóticos. 
Mas no fundo eu queria ser um homem comum. Eu queria sair aos domingos com a família, almoçar fora, passear no parque e derrubar sorvete na blusa branca. Mas não sou assim. Sou o tipo que acorda tarde, almoça sozinho, se desmancha no sofá diante de um filme de Buñuel e prefere sorvete de pistache à creme. 

Só por um dia eu queria ser convencional pra sair da rotina dessa vida incomum. Sim, é contraditório. 

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