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28 outubro 2010

Espelho quebrado - A distorção criada.

E eu parei diante da tela do computador sem mais nada pra fazer, sem mais o que pensar ou gestos para se ter. Acabaram-se meus pseudo-afazeres na máquina que melhor representa a globalização. Pois bem, a vida alheia não me interessa como antes, e partindo deste pensamento, eu vi que o que me cabe hoje não era apto a mim um tempo atrás. Eu mudei!

Esse espaço vago que deixei representa a vaguidão em minha alma nesse momento. Não reconheci nos amigos virtuais rostos reais. Não vi neles o que eu costumava enxergar. Vi novos rostos na parede que recolhe as fotografias das pessoas que vestem algum sentimento em meu corpo. 
Feche os olhos Patrick e se mova, de leve, bem devagar. E veja sua vida diante de seus olhos. Veja as coisas que você deixou pra trás, mesmo que involuntariamente. Veja seu pai, sua avó, seu melhor amigo, seu primeiro amor, seu sonho de, quem sabe um dia, mudar o mundo. Olhe, veja... 
Hoje aos 22 anos a vida não é do modo como você achava que ia ser, não é?! Ainda precisa dos cuidados da família, ainda chora por estar longe de casa, ainda manuseia os brinquedos com o mesmo cuidado, para que nenhuma peça se perca como tantas outras já se perderam na caminhada. E ao mesmo tempo que age da mesma forma, você é outro. Pensa diferente, age diferente. E suas atitudes distintas o movem para um mundo distinto. Para um lugar que só você entende porque chegou nele - ou nem mesmo você sabe. 
Eu hoje olho para dentro de mim, e não me entendo. Não encaixo mais em mim mesmo. Não encaixo no Patrick de apenas dois anos atrás. Tantas mudanças ocorridas geraram uma mudança brusca em mim também?! Pode ser... E eis que me deparo diante do espelho com uma imagem nova. Uma imagem que se constrói com novos valores, novos pensamentos. Uma imagem que se desprende de qualquer preconceito bobo de adolescente, porque sabe que aquilo é um cisco em meio à poeira dos seus problemas. Que não adianta olhar para o outro com ojeriza pro sua cor, sua religião ou opção sexual; porque no fundo você é "pior" do que eles. Você comete os mesmos defeitos deles, mas é incapaz de se colocar naquele lugar, é incapaz de se ver do lado de fora. Essa incapacidade do ser humano que cria a imagem distorcida que nos deparamos a todo momento. É mais fácil para nós que as coisas não sejam como nós vemos, e sim como nós criamos. Ainda acredito que um dia todos olharam para trás, seja com 20, 30 ou 90 e se verão. Verão seus defeitos, suas qualidades antes de qualquer critica ou elogio para com o indivíduo ao seu lado, e verão que as coisas são mais simples do que podemos imaginar - ou criar. 

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